Realização e correção das provas de ensaio
A solidariedade à força a propósito do trabalho dos docentes
António Anes | Vice-Presidente SPGL
Para combater esta insistência do MECI em sobrecarregar ainda mais os horários dos docentes, em boa hora a FENPROF decretou pré-avisos de greve a todo o trabalho de realização e correção das designadas provas-ensaio, bem como outras eventuais tarefas diretamente decorrentes das mesmas.
A Administração Educativa, através do Júri Nacional de Exames, enviou para os agrupamentos e escolas não agrupadas um guia para a realização de provas de ensaio que ocorrerão entre os dias 10 e 28 de fevereiro visando a suposta preparação para a realização das provas de final de ciclo: as ModA nos 4.º e 6.º anos e o exame no 9º ano.
O objetivo é que os alunos se familiarizem com o suporte digital em contexto de avaliação e ajudar as escolas a testar a sua preparação tecnológica, organizativa e logística. Mas, pergunto eu: Qual foi a avaliação que o MECI fez do desastre verificado na realização das provas de aferição em suporte digital no ano passado? Quais as medidas que o MECI protagoniza para fazer face às dificuldades devido à falta de equipamentos necessários para a realização das próximas provas-ensaio?
Importa aqui referir que a FENPROF se manifestou contra a aplicação universal destas provas, tendo defendido que se deveriam realizar por amostragem, permitindo na mesma eficiência na avaliação e regulação do Sistema Educativo. O mesmo defende para estas provas ModA que as vieram substituir.
Mas o que é importante de destacar nesta informação do IAVE é a criação de uma “bolsa solidária de professores classificadores”, constituída por professores previamente indicados pelos diretores dos Agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas! Mais não se trata do que impor hierarquicamente trabalho extraordinário aos docentes contemplados com estas funções. A aferição passa a avaliação externa, mas a ModA continua a ser trabalho não remunerado.
Para combater esta insistência do MECI em sobrecarregar ainda mais os horários dos docentes, em boa hora a FENPROF decretou pré-avisos de greve a todo o trabalho de realização e correção das designadas provas-ensaio, bem como outras eventuais tarefas diretamente decorrentes das mesmas.
Ora, se se verifica já, a propósito das provas de ensaio, este abuso na sobrecarga de trabalho dos docentes, o que se poderá esperar na aplicação universal das provas ModA e exames nacionais a realizar entre 19 de maio e 6 de junho?
Não resta outro caminho aos professores. Aderir à greve convocada pela FENPROF a este inusitado trabalho solidário.
Texto original publicado no Escola/Informação n.º 310 | janeiro/fevereiro 2025