Artigo:O “Exame da Cambridge” ou... “PACC” para os Professores de Inglês

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O “EXAME DA CAMBRIDGE” OU…

… “PACC” PARA OS PROFESSORES DE INGLÊS

No âmbito do exame da Cambridge, Preliminary English Test for Schools Portugal (PET), os docentes de Inglês que, agora, em regime de obrigatoriedade, vão ter de aplicar e corrigir a prova, terão de realizar um exame da Cambridge para avaliar a sua proficiência linguística!

Tratando-se esta prova (PET) de um serviço que o MEC, entidade pública, presta a uma entidade privada (Cambridge), obrigar os professores das escolas públicas a servirem os interesses que estarão por trás de todo este processo já é, para a FENPROF, algo inaceitável. Porém, obriga-los, não só a prestarem serviço àquela empresa, como a submeterem-se a exames que a mesma impõe é absolutamente inadmissível e constitui um autêntico abuso. Não se pode aceitar que o MEC submeta professores, devidamente habilitados a exercerem a sua atividade nas escolas que tutela, a esta nova “PACC” supervisionada pela Cambridge. Esta é uma situação que a FENPROF reputa de totalmente inadmissível, abusiva e lesiva dos profissionais de Inglês, devidamente credenciados pelo ensino superior para lecionarem a disciplina.

Já não bastava estes docentes serem obrigados a realizar todo o trabalho suplementar e gratuito que esta prova obriga, em cima dos seus horários de trabalho já tão sobrecarregados… Vem agora o Ministério da Educação e o IAVE impor uma nova tutela aos professores de Inglês: a Cambridge English Language Assessment! É este departamento da Cambridge que decide quem pode aplicar e corrigir o exame de Inglês nas escolas portuguesas! Não tarda será ele que decidirá quem pode ou não dar aulas de Inglês em Portugal!

A FENPROF reitera o que já antes afirmou: estamos perante um intolerável abuso de poder por parte da administração, de uma enorme falta de respeito pelos professores e pelas escolas, mas igualmente pelas instituições de ensino superior portuguesas.

A FENPROF tudo fará para pôr cobro a mais este desvario do MEC e de Nuno Crato e apela aos professores, às Associações de Professores de Inglês e às instituições de ensino superior que tomem posição contra tão ultrajante e vergonhosa situação. Os gabinetes jurídicos dos Sindicatos de Professores que integram a FENPROF estão a apoiar os seus associados que pretendem reclamar contra este abuso, podendo, inclusivamente, levar o caso à barra dos tribunais. Entretanto, esta nova peça será enviada à Procuradoria-Geral da República para que a integre no processo que, a este propósito aí decorre desde o ano passado, quando a FENPROF apresentou queixa contra o MEC.

O Secretariado Nacional

VER MINUTAS a utilizar pelos professores que foram designados corretores


A propósito da convocação de professores de Inglês para sessões de formação no âmbito do projeto Cambridge English for Schools (PET)

POSIÇÃO DA DIREÇÃO DO SPGL

Para além de todos os problemas associados a este projeto que a FENPROF tem vindo a denunciar (ver últimas notas à comunicação social de 27.2.2015 e de 10.3.2015), o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL) considera inaceitável que, de 2014 para 2015, o trabalho dos examinadores tenha passado de facultativo a obrigatório. Esta imposição representa um abuso de poder, já que se trata da prestação de um serviço para uma empresa privada, e de uma certificação que, sendo obrigatória para os alunos do 9º ano e facultativa para os outros, em nenhum caso releva para o percurso escolar oficial dos alunos.

Acresce que o trabalho adicional a que os professores vão ser sujeitos representa uma sobrecarga e um prejuízo para a atividade que os professores tinham previsto realizar com os seus alunos, particularmente no final de um período, onde se concentram momentos de avaliação sumativa. Isto só vem comprovar o desrespeito do MEC pelo trabalho dos professores que, para os governantes, é sempre pouco. Por muito trabalho que tenham, podem sempre fazer mais algum, faça ou não parte dos seus deveres profissionais (a imposição da vigilância da PACC é, a este respeito, paradigmática).

Mas o que está em causa neste momento é mais do que isto. Para além de usar os recursos físicos e humanos da escola pública para a realização desta prova e para a promoção do negócio que lhe está associado, o MEC impõe agora, através do IAVE, uma formação adicional para os examinadores, certificada pela empresa em causa, que sujeita os professores a um teste para “avaliar a sua proficiência linguística” O Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL) considera que estamos perante uma intolerável desqualificação da formação dos professores de inglês, que veem a sua habilitação profissional para lecionar a disciplina até ao 12º ano considerada insuficiente para a avaliação de uma prova de diagnóstico de nível intermédio.

Este é mais um exemplo do desrespeito que tem pautado a relação do MEC com os profissionais que tutela. Desrespeito que o SPGL e a FENPROF não podem deixar de repudiar, desenvolvendo todas as ações que estão ao seu alcance, nos planos institucional e jurídico.

Lisboa, 16 de março de 2015

A Direção do SPGL

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