Imigrantes trabalham por 100 euros... ou nada
Titula o Expresso de hoje (só para assinantes), dando notícia da exploração de muitos milhares de imigrantes na agricultura.
Odemira é, agora, a face destapada deste fenómeno devido à instalação da cerca sanitária. Fenómeno que não tem nada de novo, pois “há vários anos que nepaleses, indianos e moldavos se espalham aos milhares por todo o país rural ao ritmo da época das colheitas da azeitona, fruta, castanha, tomate, melão e até da sazonalidade da limpeza dos terrenos agrícolas”.
Novidade também não há nas “redes de recrutadores, muitos seus compatriotas, que os controlam com dívidas e promessas de legalização”, nem nas “suspeitas de abusos dos direitos humanos, auxílio à imigração ilegal e angariação de mão de obra ilegal”, nem tão pouco nas verbas cobradas indevidamente pelos angariadores pelos contratos de trabalho e tudo e mais alguma coisa onde se lembram que podem extorquir centenas ou milhares de Euros que “são depois descontados aos salários que alegadamente iriam receber”.
Novidade também não é a total dependência que têm dos “empregadores” que faz com que aceitem tudo com a promessa da legalização na Europa e que faz com que (…) ” ao fim do mês, mesmo trabalhando recebem €100 ou €50, ou nada, porque é preciso descontar o quarto, a alimentação, o transporte, a dívida”, num perpétuo trabalho escravo.
Agora, que nos entrou pelos olhos dentro, e devido à Covid-19, Odemira é tema. Mas em breve, com a diminuição do número de contágios, tudo voltará ao “normal”. No Alentejo, no Algarve, no Ribatejo, no Oeste, seja onde for.
E todos fecham(os) os olhos.
M. Micaelo