Artigo:“Terrível é a Palavra NON…”

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“Terrível é a Palavra NON…”

… já se dizia no filme “Non, ou Vã Glória de Mandar” de Manoel de Oliveira, já que “por qualquer lado que a tomeis, sempre soa e diz o mesmo.”

NON exprime bem o sentimento coletivo da classe docente face às propostas de alteração do modelo de recrutamento, a tal gota que terá feito transbordar o copo da nossa paciência, esgotada e saturada pelas iniquidades a que nos têm condenado desde 2007, com a entrada em cena da parelha Milú/Sócrates.

A indignação que senti perante as propostas de alteração do modelo de recrutamento, que registei em artigo escrito para esta secção em novembro, vejo-a agora vertida e ampliada nas greves e manifestações espontâneas de docentes à porta das suas escolas, como um magma disperso e represado que coalescesse e encontrasse o ponto de fuga.

No artigo em questão, num tempo em que a retirada das absurdas propostas não teria causado grande mossa à imagem do Governo, aflorei a possibilidade da demissão do ministro como consequência óbvia do mesmo se encurralar no canto da sua teimosia e arrogância.

Na atual situação política, o Governo não quererá nem ouvir falar de mais demissões, para mais de uma figura política que, à semelhança de Milú, mas em menor grau, até nem tinha feito assim tão má figura para o eleitorado em geral, com exceção da quase totalidade dos professores, a sofrer na pele as consequências das suas más decisões.

Assim, não deixará de ser intelectualmente estimulante saber como António Costa (o Hábil) descalçará esta bota, tentando preservar o ego do Ministro João Costa, ou lá o que for que acham que tem de ser poupado, nomeadamente daquele conjunto de ideias veiculadas em PWP, conferências de imprensa, entrevistas, mas que os professores levaram mesmo muito a sério, rejeitando-as vigorosamente.

Mas, mesmo que o Governo consiga apresentar uma solução aceitável para o modelo de recrutamento, restam todas as outras questões por resolver (carreira, ADD, modelo de gestão, aposentação, etc.), para as quais não tem mostrado a mínima abertura.

Será desta que os professores não aceitarão nada menos que uma resposta cabal e satisfatória a muitos destes problemas, mantendo a contestação até o Governo ceder ou cair de podre, previsivelmente lá para o fim do ano, de acordo com o Presidente da República?

João Correia