Artigo:Nº 236 Março 2010

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OS HORÁRIOS DOS PROFESSORES 

A GESTÃO DAS ESCOLAS/AGRUPAMENTOS


Certamente não se notará nestes primeiros dias do 3º período, após uma inevitável pausa nas actividades lectivas. Mas todos nós sentimos que, ao longo de cada período escolar, os professores ficam rapidamente “esgotados”. Para tal estado, contribuirão certamente diversos factores. Mas um de entre eles sobressai de forma inequívoca: a barbaridade dos horários dos docentes. Às horas lectivas (i.e. das aulas) acrescentam-se inúmeras outras horas de trabalho na escola. Chamam-se “não lectivas” – e como tal incluídas na parte do horário chamada “não lectiva de estabelecimento” - as actividades desenvolvidas de facto com os alunos: apoios, tutorias… Reduzem-se, e muitas vezes a “zero”, horas de redução na carga lectiva que deveriam decorrer do exercício de cargos pedagógicos (conselhos pedagógicos, direcção de turma, coordenação de departamentos/grupos disciplinares, conselho escolares…). Se é verdade que em muitas escolas se pôs já termo à irracionalidade das “aulas de substituição” no modelo que Lurdes Rodrigues impingiu, em outras ainda se “pratica” tal absurdo de colocar um professor perante uma turma que ele não conhece e que os alunos não querem conhecer. Mas, sobretudo, pululam por toda a escola intermináveis reuniões de duração infindável. Reúne-se por tudo e por nada. Nascem como cogumelos projectos e projectinhos, quase sempre sem qualquer valor para as aprendizagens e para a formação dos alunos, mas cuja realização – necessária porque teoricamente dá prestígio a à escola – exige inúmeras horas de trabalho que saem…do tempo dos professores que deveria ser dedicado ao trabalho individual que têm de desenvolver.

Dir-se-ia que o bom senso dos directores deveria resolver estas situações. Puro engano: grande parte deles incrementam-nas, salvaguardados pela conivência – quanto mais não seja por omissão - das direcções regionais de educação. Perante o silêncio dos responsáveis do ME, tornam “ocasionais” (e portanto a serem realizadas na componente do tempo de trabalho individual do docente) todas as reuniões, como se fossem meramente “acidentais” as reuniões de departamentos ou de conselhos escolares…Nada há de esperar de directores que entendem a escola como uma empresa gerida burocraticamente, de directores cujo interesse pedagógico nem teórico consegue ser.

A ministra da Educação anunciou que iria “mexer” no horário dos docentes. Até agora, nada fez. Mas é absolutamente inevitável que se abram negociações ou se tomem medidas tão simples como: - considerar lectivo todo o trabalho realizado com alunos, limitar o número de horas de reuniões por mês, sendo o “excesso” transformado em dispensa de outras actividades ou em horas extraordinárias, alargar e fazer cumprir as reduções lectivas pelo exercício de cargos de natureza pedagógica, acabar de vez com aulas de substituição inúteis.

Disto depende em boa medida a melhoria das escolas. Disto e da necessidade de pôr fim à “monarquia absolutista” encarnada pelo actual modelo de gestão, em que o rei reina e constitui a seu belo prazer os coordenadores de departamento e, por essa via, o conselho pedagógico.

Em nome da escola, vamos para esta batalha!