O Diário de Notícias de 2 de Julho, destaca na sua capa “ Há 5 vezes mais alunos a procurar cursos profissionais”. Nos últimos 10 anos, os inscritos em cursos profissionais passaram, segundo o DN, de 34 399 para 177699.

Comentário

A diversificação de vias no ensino secundário é positiva. E uma maior procura dos cursos profissionais é um fator positivo. Levantam-se contudo algumas questões que seria interessante colocar: que tipo de alunos escolhe estes cursos? Serão ainda sobretudo os alunos mais fracos (os que não conseguem seguir a via do científco-humanístico), ou esta escolha aparece já como uma “primeira escolha” mesmo para os “bons alunos”? Que se passa com o insucesso escolar nestes cursos? Quantos alunos começam os cursos e quantos os acabam? Que dificuldades encontram os professores? Que possibilidades reais têm estes estudantes de, querendo, continuar para o ensino superior?

Em suma: não basta esfregar as mãos porque há mais alunos nos cursos profissionais. Há que fazer deles uma radiografia completa. E sobretudo não aceitar passivamente e tese conservadora de que em Portugal “há licenciados a mais”. Estamos ainda longe da média europeia. Precisamos de uma economia que precise desses licenciados. E esse é que é o busílis da questão.