Artigo:Escola Informação Nº 291, junho/julho 2020

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A nossa capacidade de organização será determinante


José Feliciano Costa . Presidente do SPGL

Caros colegas

O ano letivo terminou. Um ano atípico e inesperado, que obrigou os professores a implementar em cerca de 48 horas, sem qualquer orientação da tutela, um sistema de recurso, o “Ensino à Distância”, de forma a manter os alunos no “radar”. Os professores conseguiram pôr em andamento um sistema que só foi um sucesso porque os alunos estiveram ocupados com atividades/tarefas. Conseguiram manter uma rotina de trabalho e um clima de aparente normalidade. Não baixaram os braços e mantiveram um importante elo de ligação aos alunos.
Foram os professores que sustentaram esta solução, aliás suportando os custos da aquisição de equipamento informático e pacotes de acesso a redes de internet.
Claro que o sobretrabalho disparou, os horários de trabalho desregularam-se ainda mais e os professores passaram a estar de “serviço” 24 horas por dia. A planificação das aulas, a elaboração de recursos didáticos, as reuniões remotas, as sessões síncronas e assíncronas, a burocracia, os mecanismos de controlo por parte de muitas direções de escolas, o cansaço, a ansiedade e o stress, a par da invasão da esfera privada, fizeram parte do quotidiano dos docentes nos últimos meses.
Este foi um período em que o movimento sindical se mostrou presente. Em junho estivemos na Assembleia da República para apresentação e discussão das petições entregues em novembro de 2019 e em maio de 2020: “Em defesa da sua dignidade profissional, os professores exigem respeito pelos seus direitos, justiça na carreira e melhores condições de trabalho” e a que reclama a realização de testes a toda a população escolar antes da reabertura dos estabelecimentos de educação e ensino. Aguarda-se o seu agendamento para a discussão no Plenário.
A 25 de junho o Ministério reuniu com a FENPROF. Esta reunião pecou por tardia, pois o ano letivo que agora encerra, pela sua excecionalidade e por todos os problemas vividos, exigiria que o próximo, em setembro, tivesse uma preparação adequada. Nessa reunião, a FENPROF relembrou que, apesar de todo o empenho dos professores nesta solução de recurso, as desigualdades acentuaram-se, e é necessária recuperar as aprendizagens perdidas. Realçou-se, igualmente, a necessidade de garantir a distribuição de equipamentos de proteção individual e a adequação das turmas à dimensão das salas, assegurando o distanciamento físico adequado.
Salientou-se, também, a importância de garantir que as respostas educativas dadas pelas escolas, sejam feitas no respeito pelo conteúdo funcional da profissão expresso no ECD e no respeito pelos limites legais do horário de trabalho e organização do mesmo.
A FENPROF relembrou o que ainda está por resolver, nomeadamente, o rejuvenescimento do corpo docente, com medidas que tragam jovens para a profissão; as questões da carreira, nomeadamente a recuperação dos 6 anos, 6 meses e 23 dias em falta; a resolução do problema da precariedade; as medidas que contemplem um regime específico de aposentação.
Este é o momento das reuniões de avaliação, dos balanços e da preparação do próximo ano letivo e do merecido descanso.
Em setembro, cá estaremos para retomar as aulas, mobilizados para a ação e para luta.
Um momento em que a nossa capacidade de organização será determinante.