Artigo:ESCOLA INFORMAÇÃO DIGITAL Nº 3

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Abril está mesmo vivo

1. Creio que (quase) todos concordaremos que as comemorações dos 40 anos do 25 de Abril deixaram bem claro que o nosso povo continua a “viver” o 25 de Abril como um projeto em que acredita e que quer realizar. 

Pessoalmente, teria preferido que os “capitães” discursassem na Assembleia da República, afinal o órgão de uma democracia política que eles heroicamente nos possibilitaram. Mas do ponto de vista da “imagem”, a superenchente do Largo do Carmo na manhã desse dia foi muito importante, como que a sublinhar a disponibilidade dos portugueses para não desistirem de construir o sonhado nesses dias únicos que transformaram um golpe militar numa revolução de amplo fundamento social. Imagem que seria reforçada com a espantosa manifestação que durante horas desceu a Avenida da Liberdade, em Lisboa e com os excelentes desfiles um pouco por todo o país. Decididamente, o 25 de Abril não é apenas uma data que se comemora, é um projeto que continua vivo.

As manifestações deste dia indicaram também que é possível encontrar unidade entre os portugueses em torno do que há que consolidar e defender e no que há ainda que construir. Militantes do PS, do PCP, do BE, alguns do PSD e CDS e de outros partidos desfilaram unidos, com muitos outros cidadãos sem filiação partidária, numa manifestação cujos contornos anti-governo eram desde cedo muito nítidos e marcados, indicando claramente que há um caminho largo que pode ser percorrido em ampla unidade. E nesse caminho largo inscrevem-se, inequivocamente, a defesa dos direitos sociais e dos direitos laborais. 

Aos professores – que, em Lisboa, participaram em elevado número em torno do seu sindicato - o SPGL - mas também organizados em muitos outros movimentos e associações, este 25 de Abril deu novo alento nesta luta que se vem travando nos últimos 3 anos contra um governo que aposta na diminuição da qualidade da escola pública, ao mesmo tempo que expande o apoio à iniciativa privada na educação, aliás num criminoso esbanjar de dinheiros públicos.

2. Muitas foram as escolas que tomaram a iniciativa de envolver a comunidade escolar em manifestações e reflexões sobre o 25 de Abril, apesar de as aulas terem recomeçado apenas no dia 22 de abril. Parabéns. A FENPROF editou um conjunto de materiais que podem e devem ser utilizados na continuação destas comemorações, materiais postos à disposição das escolas e que podem ser requisitados ao SPGL. Porque manter vivo o projeto social do 25 de Abril exige que se envolvam na sua construção todos os jovens que nasceram depois de 1974. Tarefa a que, enquanto professores e educadores, não podemos fugir.

3. Também o SPGL comemora, em 2 de maio próximo, os seus 40 anos. Convido os professores e educadores a “viajarem” ao longo destas décadas através de uma exposição patente na sede do SPGL em que se revive o processo de intervenção do sindicato na construção de uma profissão dignificada e de uma escola democrática. A não perder! E no dia 8 de maio, às 16 horas, no Auditório 2 da Gulbenkian, o ponto alto das comemorações do aniversário, com a conferência “O QUE É ISTO DA LIBERDADE?”, com a presença dos professores Eduardo Lourenço e António Borges Coelho e da jornalista Sandra Monteiro, diretora da edição portuguesa do Le Monde diplomatique.