Docência entre as três profissões mais stressantes!
A profissão de professor tem estado consistentemente entre as três profissões mais stressantes, de acordo com Sir Cary Cooper, professor e investigador de psicologia da Business School da Universidade de Manchester, que estudou o fenómeno em 80 ocupações diferentes.
Sir Cary publicou mais de 100 artigos de investigação sobre bem-estar e stress no local de trabalho, durante os seus 30 anos de carreira académica.
De acordo com este investigador, as jornadas de trabalho dos professores são muito longas e, por isso, anti-sociais, a carga de trabalho é pesada, com as constantes mudanças feitas pelos sucessivos governos a potenciarem dificuldades acrescidas de adaptação dos docentes.
A maior organização de formação de professores da Inglaterra, Teach First, já começou a ministrar sessões de apoio psicológico aos estagiários, devido ao risco de desenvolvimento de problemas mentais induzidos pelas pressões psicológicas na sala de aula.
Sir Cary afirma que a ansiedade, o stress e a depressão são os principais motivos que justificam a perda de dias de trabalho por doença, sendo que no caso dos professores estes problemas são endémicos.
Para combater o efeito negativo das constantes mudanças impostas pelo poder político, este investigador sugere uma maior autonomia das escolas relativamente à tutela.
O que dizer do caso português, tendo em conta tudo o que mudou nos últimos dez anos, desde que uma tal Maria Lurdes Rodrigues poisou no topo do (atual) MEC e começou o duradouro e nunca findo trabalho de desvalorização da profissão docente, superiormente assumido pelo pirotécnico Crato, fogoso implodidor?
Podemos hoje encontrar nas escolas públicas, no que ao stress diz respeito, o Céu e o Inferno, lado a lado, porta com porta: numa, um desses vocacionais à la Crato; na outra, uma dessas turmas/grupos nível, com a nata da nata. Numa, o professor que não pode escolher, porque é contratado, pré-requalificado, deslocado, ou outra categoria de intocáveis; na outra, os sortudos do sistema, a olhar de esguelha para um eventual futuro, sabe-se lá.
João Correia