Artigo:Visita à zona de Vila Franca de Xira

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No dia 31 de maio de 2014, realizou-se a  Jornada Pedagógica nº 16, intitulada Rio acima, no barco Varino “Liberdade” e Museu do Neorrealismo. Partimos de autocarro até Vila Franca, em cujo cais nos aguardava o Varino.

“Em toda a região do estuário do Tejo surgiram e evoluíram, desde a Idade Média, embarcações que procuraram responder às necessidades de transporte de pessoas e mercadorias, das quais se destacaram, entre outras, o batel, a falua, a canoa e, a partir da segunda metade do séc.XIX, o varino. Foi um exemplar deste último que, em abril de 1988, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira adquiriu como forma de partilhar, com a sua população, um símbolo do Tejo.

Atualmente, este será um dos nove e únicos barcos varinos existentes no mundo. Este barco, construído em Rio de Moinhos, Abrantes, em 1945, assegurou a circulação de bens em toda a zona estuária: levou vinho a Lisboa, madeira, tomate e carregos de sal de Setúbal. Encalhou temporariamente como um casco abandonado, quando nos anos 60 o transporte fluvial entrou em decadência, mas foi recuperado e, em 1988, exibindo no casco o seu novo nome, “Liberdade”, iniciou uma nova vida, de passeios e de exigentes regatas e cruzeiros. No ano de 1997 rumou aos estaleiros Ria Marine, em Aveiro, de onde voltou novamente rejuvenescido, aportando ao cais de Vila Franca de Xira. Esta embarcação, com decoração de raiz popular, é atualmente um Núcleo Museológico do Museu Municipal e navega ao serviço de grupos de crianças, jovens e adultos.

Museu do Neorrealismo

Criado em 1990, a partir da atividade de um Centro de Documentação sobre o movimento neorrealista português, o projeto do Museu do Neorrealismo evoluiu inicialmente em torno da área arquivística e bibliográfica. Porém, cedo enriqueceu e diversificou o seu património, desenvolvendo um vasto conjunto de coleções museológicas, com destaque para espólios literários e editoriais, arquivos documentais (impressos e audiovisuais), acervos iconográficos, obras de arte, bibliotecas particulares e uma biblioteca especializada na temática neorrealista.

Vocacionado para o estudo e disponibilização de fontes documentais sobre o Neorrealismo, o Museu tem vindo a promover uma prática continuada de investigação e divulgação dos seus conteúdos, correspondendo, através de uma ação pedagógica e didática adequada, ao público heterogéneo que o visita.

O Museu do Neorrealismo tende hoje a ultrapassar as fronteiras da sua vocação temática original para se situar, cada vez mais, no território das ideias e da cultura do séc.XX, relacionando assim outras correntes literárias, artísticas e de pensamento. Esta nova amplitude temática tem ajudado a clarificar de modo crítico o eco produzido pelo Neorrealismo junto de várias gerações de escritores, artistas e intelectuais portugueses.”(da nota do spgl).

Com uma manhã de sol suave, subimos e descemos o Tejo, entre Carregado e Alhandra. Em Alhandra desembarcámos para visitar a Casa Museu Sousa Martins. Num espaço curto de tempo, deu para apreciar fotos do nadador de fundo, alhandrense, Baptista Pereira, que tem dois recordes no Estreito de Gibraltar, 1953/56; vencedor da travessia do Canal da Mancha,21/8/54; travessia de Peniche às Berlengas, em 4h38min11s; trajetos entre Lisboa e Cascais; Vila Franca e Lisboa; etc.  Recorde da Europa de permanência na água, 1959.

No percurso do Varino ouvimos as explicações do nosso guia e soubemos que dos 3 mouchões (de Alhandra, da Póvoa e do Lombo do Tejo), o de Alhandra está anunciado na NET, para venda, por 17 milhões de Euros.

Os mouchões do Tejo são ponto de emigração e imigração de aves diversas entre o norte da Europa e o norte de África.

Antes do 25 de abril/74, realizavam-se trajetos nestas paragens do Tejo, em pequenas embarcações, para reuniões clandestinas.

Depois do almoço no Restaurante “O Forno”, na cidade de V. Franca de Xira, seguimos para a visita guiada ao Museu do Neorrealismo, cuja exposição vai de 26/4 a 6/7 de 2014, com o tema “Além da UCRONIA – histórias não vividas do 25 de abril”, concebida por três artistas e investigadores nascidos após a revolução. Revelar um tempo em que não havia liberdade de expressão, em que imperava o medo e o silêncio, em que existia uma Guerra Colonial que potenciou, em larga escala, a emigração clandestina.       Exposição a não perder!!!


Em junho de 2014
Fernando Costa
Manique - Cascais