Virgínia Rodrigues
António Avelãs
| Dirigente sindical |
Era impossível não gostar da Virgínia. Um corpo franzino alimentava um sorriso docemente enérgico, a anunciar sólidas convicções e uma sólida cultura que não a impediam de uma abertura a quem não pensava como ela desde que irmanado na luta pela liberdade e pela justiça social.
Nascida em Mirandela (em 1934), mudada para Lisboa, militou ativamente no PCP, antes e depois de 1974. À Virgínia Rodrigues se deve boa parte da importância que a educação especial ganhou na ação do SPGL (e da FENPROF) desde a criação do sindicato, em ampla colaboração com uma larga equipa liderada pela inestimável Regina Silveira, cuja memória continua também bem presente no SPGL.
Como sócia e dirigente sindical, Virgínia Rodrigues nunca desistiu de lutar por uma escola pública de qualidade e inclusiva, desdobrando a sua intervenção em jornadas pedagógicas, formação de professores, tendo tido participação ativa nas campanhas de alfabetização lançadas logo após a revolução de 1974.
A luta pela paz foi uma das causas que abraçou, integrando o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e procurando que essa mesma causa fosse abraçada pelos professores. Virgínia Rodrigues morreu a 7 de agosto passado. Do seu legado fica-nos uma Escola que faz da inclusão das crianças com dificuldades e limitações uma das suas linhas diretoras. É nossa obrigação continuar a lutar para que essa inclusão seja cada vez mais uma realidade frutuosa. Também nos fica uma magnífica banda desenhada sobre o 1º de Maio, de cujo texto foi autora, editada pela FENPROF.
Foi uma das impulsionadoras das sessões de “O meu livro quer outro livro” que durante 10 anos o Departamento de Educadores e Professores Aposentados do SPGL promoveu, tendo participado na dinamização de algumas das sessões, como a realizada no dia 25 de fevereiro de 2016, sobre Castro Alves, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6B0zlU49XCk
Nestas sessões leu alguns dos seus poemas, que gostaria de ter publicado.
Obrigado, Virgínia. Pelo teu sorriso. Pela tua solidariedade. Pelo teu contributo para a Escola Inclusiva. Pelo teu trabalho no SPGL e na FENPROF ao serviço dos professores e do país
Texto original publicado no Escola/Informação n.º 305 | Setembro 2023