“Violência no Namoro
58% dos jovens já foram vítimas”
“Estudo revela que a maioria (67%) dos rapazes e raparigas entre os 11 e os 21 anos considera natural a existência de atos violentos”
Estes são o título e o primeiro parágrafo de um artigo (pág. 7) no «Expresso» do passado dia 15 de Fevereiro.
As conclusões do Estudo Nacional sobre Violência no Namoro, produzidas pela associação UMAR e divulgadas no Dia dos Namorados (S. Valentim), revelam que os actos de violência mais reportados são a violência psicológica, a perseguição e o controlo, os insultos e a proibição de estar ou falar com amigos.
No entanto, o facto de uma percentagem tão elevada de jovens não ter noção de que estão a ser objecto de violência e acharem natural e confundidos com amor, o controlo, a perseguição, a violência sexual, a violência através das redes sociais, a violência física (empurrões e bofetadas), são fenómenos de extrema gravidade e de alerta social.
Pois se se acha natural, como se pode lutar contra? Se se acha natural, como se pensa em denunciar?
O primeiro estudo feito em Portugal que caracteriza o fenómeno da violência no namoro data de 2011 e foi conduzido por Maria João da Silva Ferreira da Universidade do Minho, junto de uma amostra de adolescentes portugueses a frequentar o ensino secundário. Os principais resultados apontavam para a predominância da violência psicológica, sendo as raparigas mais vítimas de violência em relação aos rapazes. Na altura, a divulgação deste estudo exploratório deu azo a diversas notícias em jornais e causou grande comoção social.
Desde então o que se fez para inverter esta situação? Como é possível esta naturalização da violência entre jovens estudantes?
Em 2019, o Observatório da Violência no Namoro recebeu 74 denúncias, sendo as vítimas em 95,9% dos casos raparigas portuguesas estudantes com média de idade de 21 anos. As agressões ocorreram, sobretudo em casa, mas também na rua, na escola e na faculdade.
É de saudar a iniciativa do SPGL no dia 14 de Fevereiro, de distribuição do DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO em diversas escolas da sua área. Debates, sessões e outras iniciativas deste género precisam-se! Para que os e as jovens sejam sensibilizados e alertados para fenómenos que têm de ser combatidos e não encarados como normais ou naturais. É preciso que desde cedo os nossos jovens e as nossas jovens saibam dizer NÃO à Violência no Namoro!
Almerinda Bento