Artigo:Vieses Ideológicos/Vieses Partidários

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Vieses Ideológicos/Vieses Partidários

São tantos os vieses e estão em tantos lados, todos os lados, que nem valeria a pena falar deles se, por existirem de forma omnipresente, não tivessem, também por isso, a capacidade de influenciar tudo e todos os que por aqui andamos.

De facto, ninguém lhes é imune.

Não sendo necessariamente, e só por existirem, um problema, têm, no entanto, muitas vezes o ónus de nos toldar a razão e de nos impossibilitar, por isso, o livre e amplo raciocínio acerca de inúmeros aspetos com que nos deparamos quotidianamente.

Vem isto a propósito de um artigo, publicado na revista Visão nº 1520, da autoria de Pedro Norton acerca do episódio degradante, protagonizado pelo líder do chega, na Assembleia da Republica e que foi, de resto, magnificamente atalhado pelo Presidente daquele órgão de soberania.

Recomendo vivamente a leitura do artigo a que me refiro, "A democracia liberal e a culpa coletiva", por constituir um excelente exercício de pedagogia humanista e cidadã, e por, a par desta meritória intenção, não ter ainda assim resistido ao viés ideológico/partidário, sei lá qual, de confundir os leitores acerca dos conceitos de Democracia Liberal e Liberalismo, na formulação partidária actual.

De facto, se os valores da democracia liberal assentam  "...no primado do indivíduo que é sujeito e interprete último de todas as políticas", o Liberalismo actual exacerba a ideia de um  "...ser humano, dotado de livre-arbítrio, senhor de direitos inalienáveis (...) único nas suas singularidades, diferente de todos os demais...", menorizando assim, no meu entender, os pressupostos basilares e essenciais à vida em sociedades livres, justas e igualitárias.

Ricardo Furtado