Artigo:União Europeia: “O barato sai caro (…)”

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União Europeia: “O barato sai caro (…)”

Merece reflexão o texto de Rui Tavares na última página do Público de hoje, 22 de março. O título completo é União Europeia: “O barato sai caro” não é a única lição. O autor avança com a sustentada hipótese de a incapacidade de fornecimento da vacina AstraZeneca à União Europeia, por incumprimento do contratado, ser uma manobra económica assente na venda preferencial a países fora da UE (leia-se América e Reino Unido). Tal tornar-se-ia possível pela fraqueza (incompetência?) da União Europeia e dos seus negociadores, que põe em perigo a vida de muitos cidadãos desta união. O tema – muito pertinente – permite-lhe a derivação para outro vetor: a fragilidade de uma UE em que a nomeação para cargos determinantes assenta, não na competência dos escolhidos, mas nos equilíbrios entre as forças políticas dominantes, que teriam como critério a escolha de pessoas que não causem problemas aos seus governos. Terá sido o caso, diz Rui Tavares, da escolha de Ursula von der Leyen. E todos nós nos lembramos da triste figura de Durão Barroso…

Mas o texto de R.T. permite equacionar o debate sobre o futuro para a U.E. Admitindo pragmaticamente que mesmo os que entre nós a não defendem não põem seriamente a hipótese de Portugal a abandonar, que medidas devem ser tomadas para que a EU não seja apenas uma “cortina de fumo” para a defesa dos interesses económicos da direita dominante? E o texto conclui: “Numa União Europeia em que a presidente da Comissão Europeia devesse o seu lugar (e possível reeleição) aos cidadãos, e não aos líderes de governos, ninguém se lembraria de ir para uma negociação de vida ou de morte a contar tostões. E essa é a lição oculta deste processo com mais relevância para o futuro”.

Podemos não ir pela via que Rui Tavares propõe. Mas temos de encontrar caminhos que tornem a União Europeia em algo que mereça a pena…

António Avelãs