Artigo:Uma resposta de 63%, como é o caso da Escola Secundária Gil Vicente, é uma muito boa resposta

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Às10 horas da manhã, na Escola Secundária Gil Vicente, o balanço da adesão à greve era de100% no caso dos funcionários auxiliares, cerca de 70% no dos funcionários administrativos e 63% no dos professores. O que se pode considerar, obviamente, uma boa adesão, como frisou António Nabarrete, dirigente do SPGL, num breve depoimento que aqui registamos.

Este balanço corresponde às nossas expectativas. Fizemos o nosso trabalho de preparação nas escolas, no meu caso nas escolas que acompanho e nesta especialmente, que é a minha escola, e logo na terça feira fiquei com a percepção de que, em relação aos funcionários, iria ser uma greve com uma grande expressão.

Em relação aos professores a ideia seria que pelo menos 50% adeririam, mas poderia haver a possibilidade de essa adesão subir um pouco. O que felizmente se veio a verificar.

A que atribuir a adesão verificada? A questão de fundo é que as pessoas sentem-se sem nenhuma segurança, no plano das suas vidas. As sucessivas medidas tomadas pelo governo, são medidas conjunturais, hoje são umas amanhã são outras. Sempre no sentido de tornar o futuro cada vez mais incerto.

Penso que, para além das medidas, que são gravosas, num país pobre como Portugal, ao nível de congelamento de salários, o que é particularmente grave é este ambiente em que as pessoas sentem que, de um momento para o outro, e mesmo quando reorganizam as suas vidas em função daquilo que lhes foi tirado, voltam a estar, pouco tempo depois, face a outro panorama completamente diferente.

Esta absoluta insegurança em relação ao seu futuro, e que nos é transmitida quase semanalmente, é uma coisa terrível e deixa as pessoas num dilema. Isto é - estão em absoluto desacordo com esta política, mas por outro lado sabem que cada vez lhes tiram mais rendimento. O que também os afasta um pouco da greve, uma vez que a greve significa um corte nos rendimentos de quem já está numa situação de dificuldade.

Nós sabemos que a vida não é uma coisa completamente harmonizada, mas é necessária uma base mínima de segurança. Não nos podemos sentir à mercê de uma política em que o governo hoje congela os salários, amanhã tira não sei o quê. É uma situação que deixa as pessoas num dilema difícil.

E, nesse sentido, penso que, no caso dos professores, que tiveram uma luta muito dura nos últimos 4 – 5 anos, e que agora estão num processo negocial, uma resposta de 63%, como é o caso da Escola Secundária Gil Vicente, é uma muito boa resposta.