Artigo:Uma questão de ideologia

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Uma questão de ideologia

Em Portugal os imigrantes em situação ilegal foram atendidos, no âmbito da pandemia, nos serviços do SNS.
O governo português decidiu, logo no início desta crise de saúde, que todos os residentes em território nacional, independentemente da sua origem ou legalidade, teriam direito, em caso de infeção,  a serem acompanhados nos hospitais públicos. 
Esta iniciativa mereceu já comentários elogiosos em alguns países e organizações Europeias.
Numa altura em que tanto se tem falado, sobretudo a direita liberal mas também a radical, acerca do pretenso preconceito ideológico do governo, na saúde e não só, estas medidas humanitárias abrangentes e de alcance efetivo, constituem-se como a melhor resposta que quem decide pode dar aos detratores da intervenção e controlo do estado em sectores que, de outra forma, se tornariam de acesso não universal.
Profundamente ideológico é tentar introduzir um mediador, que obviamente visaria sempre o lucro, entre os serviços essenciais, previstos aliás constitucionalmente, do estado e os prestadores efetivos desses mesmos serviços.
Não seria só uma demanda ideológica liberal cega, baseada unicamente nos interesses económicos, como traria péssimos resultados a muito curto espaço de tempo, Veja-se o caso dos EUA e dos seus inenarráveis resultados em termos, por exemplo, da mortalidade infantil e da assistência hospitalar aos mais desfavorecidos, vulgarmente os afro-americanos e os hispânicos.
Haverá por ventura maior preconceito ideológico do que considerar que tudo o que é público é mal gerido e escandalosamente dispendioso ?
Sobretudo quando todos conhecemos os resultados, por exemplo, das PPP ?

Ricardo Furtado