Artigo:“Um terço dos professores preferia deixar de dar aulas num futuro próximo”

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“Um terço dos professores preferia deixar de dar aulas num futuro próximo”

Refere-se num artigo de hoje no Público, a propósito de um estudo realizado com 2910 professores, coordenado pelo Prof. Joaquim Azevedo no contexto da Fundação Manuel Leão.

Uma das medidas preconizadas há algum tempo por este investigador e docente, passa pela selecção dos melhores alunos para a carreira docente, e não os de médias mais baixas, como diz acontecer hoje em dia, um pouco na linha da célebre frase do Woody Allen, de que só vai para professor quem não sabe ou não consegue ter uma profissão a sério, culminando a diatribe na assunção de que só é professor de ginástica quem não sabe ensinar.

Contudo, nos resultados apresentados não aparece qualquer referência a uma discriminação relativa ao percurso formativo dos professores, no que toca à natureza da instituição do ensino superior, ao curso frequentado ou às médias obtidas, que nos permita analisar o impacto dessas variáveis sobre a qualidade de ensino administrada. Nem tão pouco da formação contínua.

Por que será importante ter esses dados para depois confrontá-los com outros, como seja o da relação entre os resultados obtidos e a origem sócio-económica dos alunos, para saber, por exemplo, se é mais importante um professor ter tido média de 14 ou média de 17 no seu curso superior, ou haver uma significativa subida dos índices gerais de riqueza do país, o qual enfrenta hoje um ciclo de empobrecimento devastador, de que um dos aspectos mais trágicos é o envelhecimento da população.

E o que dizer dos brilhantes alunos que têm sido ministros, secretários de estado, directores de direcções gerais, directores de escolas, legisladores, deputados, investigadores, essa massa nada pequena de gente, que tem debitado reformas atrás de reformas sobre as escolas, somadas a medidas avulsas incongruentes, que enchem as escolas de papéis e burocracia, e que, ao contrário da generalidade dos professores que se preocupam efectivamente com os seus alunos, têm falhado sistematicamente?

Sabemos que na Finlândia muitos dos melhores alunos também se tornam professores, por sinal extremamente bem pagos. Pode um professor de 40 anos estar motivado com os 900 euros que leva para casa, como apontado no artigo em causa? 

João Correia