Artigo:"Um quarto dos trabalhadores é sobrequalificado para o emprego que tem"

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"Um quarto dos trabalhadores é sobrequalificado para o emprego que tem"

A correspondência (inexistente) entre qualificações académicas e o emprego (e, obviamente, o salário) é tema de capa do Público de hoje, 18 de outubro, com o título acima transcrito. Desenvolve-se nas páginas 2 e 3, com a assinatura de Raquel Martins, e no editorial de David Pontes.

Primeiro cuidado a ter: não "alinhar" com os que resolveriam a contradição baixando a exigência das qualificações, solução bem patente na afirmação de que não vale a pena ir à escola para ganhar um ordenado de 700 euros. Ou, de forma mais popular, acabar com a "mania" de todos quererem ser "doutores". O texto põe o "dedo na ferida", embora de forma parcelar. É necessário "aumentar o peso da indústria  e dos serviços de alta tecnologia" e fomentar as contratações devidamente remuneradas no setor público. E limitar (ou por termo) a formas de "contratações atípicas", mas muito generalizadas: "contratos a termo, emprego a tempo parcial, ou através de agências de trabalho temporário".

Mas outras causas há que invocar: a fraca preparação académica e profissional de boa parte dos "empregadores e empresários", mais interessados no lucro imediato do que no futuro do país; um setor bancário que inspira desconfiança e onde pululam "criminosos de colarinho branco", (alguns com distinções públicas e comendas, ex-governantes...). E uma União Europeia muito mais preocupada com "as contas certas" do que com o desenvolvimento do país, como ficou bem demonstrado com a política de empobrecimento e retrocesso económico e social imposto pela troika, apadrinhada por Passos Coelho e sua equipa que por várias vezes manifestaram orgulho por irem além da troika.

Precisamos de bom investimento privado, mas o motor para superar a situação tem de assentar num fortíssimo investimento público, incluindo remunerações condignas. Contra o que boa parte dos senhores industriais, de "vistas curtas" vocifera...

António Avelãs