Um novo alento à esquerda na América Latina
Hoje que se celebra o solstício de Inverno, celebremos em modo “pandémico” o Natal e o 2022 que aí vêm, mas celebremos com alegria e sem restrições a vitória histórica que lá no Chile pôs no passado domingo dezenas de milhares de pessoas nas ruas a festejar a eleição de Boric para Presidente do Chile, como “uma nova etapa na vida política chilena”.
“Que alegria! Que esperança! Começamos um novo caminho, o caminho de mais justiça social, de mais igualdade!”, eram palavras de uma jovem de 32 anos que não conheceu Salvador Allende, mas que herdou as políticas de ataque feroz ao estado social impostas por Augusto Pinochet, que fazem do Chile o país mais desigual da OCDE a seguir à África do Sul.
Certamente muito se irá falar do Chile e da estratégia que o jovem Boric irá utilizar num país em que a contestação estudantil, sindical e de amplos sectores sociais nas ruas nunca deixou de se fazer ouvir e se veio a intensificar nos últimos anos. O sinal deixado pelo adversário derrotado da extrema-direita José Antonio Kast, que garantiu no discurso de derrota que o seu projecto “não é passageiro” configura um percurso difícil, complexo e a requerer muita concertação e tacto político na condução dos destinos da política chilena. No seu discurso de vitória, Boric afirmou: “Os avanços vão requerer acordos amplos, não queremos despenhar-nos, nem arriscar aquilo por que cada família tem lutado com o seu esforço.”
Como refere o título desta breve notícia, retirada da primeira página do “Público” de hoje e que remete para a notícia de João Ruela Ribeiro na página 18 do jornal, todos estamos a precisar deste alento de mudança para a esquerda, em tempos sombrios e de crises sistémicas que têm golpeado os povos e a democracia.
Boas Festas.
Almerinda Bento
Nota: A Notícia do Dia vai de férias. Regressa em 2022.