Artigo:“Um GPS para a Ciência” e o futuro da Europa

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“Um GPS para a Ciência” e o futuro da Europa

Diversos são os jornais que anunciam hoje o lançamento oficial do GPS (Global Portuguese Scientists), amanhã, às 17h30, no auditório José Mariano Gago, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. Esta rede global é um projeto da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), em parceria com a Ciência Viva, a Universidade de Aveiro e a Altice Labs e conta com a colaboração das associações de cientistas portugueses em vários países (Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha). O GPS tem como objetivo localizar e unir virtualmente os cientistas portugueses e nele poderão inscrever-se quer cientistas, quer todos os cidadãos interessados em acompanhar o trabalho científico realizado por portugueses no mundo.

Segundo Carlos Fiolhais, “Os dois objectivos principais do GPS são, por um lado, recensear os investigadores portugueses residentes no estrangeiro de modo a responder às perguntas - Onde estão? O que fazem? Há ou não fuga de cérebros? - e, por outro lado, fomentar o contacto dos investigadores entre si e entre os investigadores e os cidadãos interessados pela ciência, promovendo a divulgação da sua actividade científica, tecnológica e cultural. O GPS permitirá fazer estudos sobre a circulação de cérebros e a globalização da ciência portuguesa, respondendo a questões, como por exemplo: Em que períodos se deu a maior internacionalização? Em que domínios ela é maior? O novo instrumento permitirá, de resto, acompanhar os movimentos de cientistas em directo e, acima de tudo, aproveitar, o enorme potencial criativo dos cientistas portugueses.”

Dos vários artigos sobre o tema, destaco o editorial de Diogo Queiroz de Andrade publicado no Público, onde o autor afirma que o GPS “Serve para perceber até onde vai o talento científico e tecnológico português, mas tem outra vantagem: permitir perceber a dimensão da fuga de cérebros e quanto os outros países estão a ganhar com a formação portuguesa.

Alguns dos pontos no mapa do GPS estarão a complementar a formação ou a produzir ciência que não poderia ser feita dentro do território, mas outros estarão a fazer algo que poderiam ter feito aqui. Quase todos são cientistas portugueses de qualidade em quem o Estado português investiu, mas não o suficiente. Depois da formação em Portugal, não houve incentivo para continuarem aqui, o que levou o país a perder quatro vezes: perdeu o dinheiro que investiu nas formações, perdeu o talento nacional, perdeu a geração de emprego e dinamização económica, perdeu as receitas que viriam desse posto de trabalho. Mais do que isso, perdeu alma. E se um estudo do ano passado sobre este tema cifrou as perdas em 9 mil milhões de euros, é bem possível que o valor relativo seja muito maior do que é directamente mensurável nas contas nacionais.”.

Criada esta rede onde estão congregadas todas as áreas do vasto conhecimento humano, e uma vez que a responsabilidade dos cientistas não se esgota na esfera académica, por que não criar – ou adaptar esta- uma plataforma de discussão e instrumento para descobrir um novo caminho para o futuro do país e da Europa?

Paula Rodrigues