Artigo:That’s the end, my friend!

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That’s the end, my friend!

19 de Setembro de 2022:

  • o dia em que todas as escolas deveriam estar a trabalhar em pleno.
  • O 3º e último dia da Cimeira da ONU em NY – Transformar a Educação
  • O dia do enterro da rainha Isabel II, falecida a 8 de Setembro.

Folheio o jornal “Público” de hoje, dia 20, procurando reflexos destes acontecimentos. Para além de fotografias e notícias de um assunto que foi tratado à náusea e em que a saturação não podia ser maior – a morte e todas as cerimónias ao longo de 11 dias que terminaram no funeral – nada do que eu estava à espera foi notícia. Um ano lectivo que se espera ser muito complicado para milhares de alunos/as e professores/as podia ter um título, uma coluna, uma fotografia, mas tudo o que a imprensa podia trazer a público sobre a educação e as escolas em Portugal já foi notícia. A 1ª Cimeira sobre Educação promovida pelo secretário-geral da ONU, que convocou para 3 dias de reflexão, discussão e trabalho centenas de professores, académicos, políticos, investigadores e organizações ligadas ao professorado não teve nem hoje, nem nos últimos dias uma única linha. Não foi notícia. Não é notícia.

Esta constatação sobre o investimento que o(s) poder(es) faz(em) e que escolhas são feitas para informar a população sobre o estado do mundo, por parte dos meios de comunicação social, não é nova. Todos sabemos que nada é neutro, que a informação não é neutra e que tudo o que nos é apresentado está carregado de ideologia e responde aos interesses do poder dominante. A saturação abusiva ao nível informativo é um atestado de menoridade que não nos pode deixar indiferentes. Quando um cidadão grita “Viva a República!” numa monarquia constitucional e é preso, temos de nos questionar onde está o direito à expressão e à manifestação. O pior que nos pode acontecer é ficarmos anestesiados pela comoção e sem capacidade crítica.

Luís Afonso no seu Bartoon, na última página do “Publico” tem sempre esse condão de dar o safanão para que acordemos. Desta vez, o personagem por detrás do balcão está inconsolável, vergado a chorar sobre o balcão. O cliente pergunta-lhe a razão daquele desgosto, ao que o barman lhe responde: “Não imagino a actualidade sem as cerimónias fúnebres da rainha de Inglaterra”.

 Esperemos que sejam os nossos representantes sindicais presentes na Cimeira da Educação a dar-nos conta das decisões que aí foram assumidas por professores de todo o mundo.

Nota: o Ministro da Educação João Costa esteve a representar o governo português nesta Cimeira. Será que o que lá ouviu terá algum reflexo nas decisões do ministério que tutela? Será que o ministro das Finanças e o primeiro ministro terão espaço ou vontade de alterar, um milímetro que seja, as suas preocupações com o défice e com as questões orçamentais? Duvido, e não é por ter mau feitio.

Almerinda Bento