Artigo:"Terra a Terra"

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"Terra a Terra"

Hoje também não me apetece escrever sobre o assunto que nos aflige a todos, não por igual, diga-se, como nos tem feito crer. Que não é a mesma coisa ser sem abrigo, indiano ou nepalês das estufas, morador de bairros degradados, se comparados com todos os outros que estão confinados em habitações e restantes condições monetárias e de higiene propícias a uma quarentena profilática digna.

Também não me apetece alongar sobre Messias Bolsonaro ou o seu par dos Estados Unidos ou uma réplica da Hungria ou mesmo um esticadinho boçal dos Países Baixos. Vêm, países baixos. Nem mais.

Também não direi uma palavra sobre o prolongar do estado de emergência e a tendência do primeiro-ministro para implicar com o direito à greve ou sobre o quanto nos vai custar a decisão de Passos-Portas em privatizar a TAP.

Nem sobre Lay-Off simplificada e quatro vezes modificada, porque estava-se mesmo a ver, e muito menos sobre a redução de 1/3 do vencimento dos trabalhadores apanhados nesta vaga. Aliás, também não falarei sobre o facto, constatável, de mais uma vez, tal como na crise da bolha especulativa/bancos e na crise das dívidas soberanas, serem os trabalhadores chamados a suportar a crise económica, deixando o dinheiro, que existe, muito bem guardado nos paraísos fiscais dos multimilionários deste mundo. Que não, não são todos apanhados por igual.

Hoje quero falar sobre a Terra, sobre o Planeta Azul, para poder deixar escritas algumas palavras de esperança.

Bastaram cerca de dois meses de desaceleração na frenética vida das populações para o Planeta se começar a regenerar. É prodigioso, a Terra não está ressentida connosco e bastou darmos-lhe uma oportunidade e Ela respondeu logo de forma inequívoca.

Se alguma lição conseguirmos aprender destes dias difíceis, ela será, sem dúvida, a de que se fizermos o que tem que ser feito para inverter o rumo da catástrofe ambiental em curso, na parte que diz respeito à responsabilidade do Homem, o Planeta responderá de forma pujante e, se calhar, surpreendente.

Ricardo Furtado