Artigo:Tempos de Mudança

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Tempos de Mudança

A irrupção do descontentamento docente nos moldes em que surgiu no final do primeiro período, foi, para muitos de nós, uma surpresa, trazendo para a “luta” colegas que nunca tinham feito greve ou participado em manifestações, muito menos na forma ostensiva e ruidosa das recentemente registadas à porta das escolas e nas ruas por todo o país.

Independentemente da faísca que detonou a massa explosiva, há que reconhecer as mudanças profundas do estado de ânimo dos professores relativamente ao rumo das suas carreiras e vidas, de há muito alvos preferidos de “poupanças” necessárias para financiar coisas mas importantes, incluindo os desvarios de banqueiros e fauna adjacente.

Face aos enormes desafios que se colocam ao futuro da carreira docente, é da máxima importância que consigamos traduzir este despertar numa estratégia renovada de mobilização para uma ação sindical em que todos os docentes se sintam representados.

O sucesso da luta medir-se-á inevitavelmente pelos resultados obtidos ao nível das nossas reivindicações, mas noutro plano, de importância crucial, também se avaliará pela reconfiguração do movimento sindical que sair da atual convulsão, desejavelmente mais forte, coeso e capaz de enfrentar as vitórias e as derrotas sem deslassamentos de grande monta.

Para além dos desafios que enfrentamos hoje, outros, quiçá maiores, poder-se-ão levantar no horizonte, como aqueles que enfrentámos em 2011 com o Governo PSD/PP e que se ilustra numa notícia do DN de hoje.

Os professores estão, mais uma vez, a dar um forte contributo para a valorização da luta coletiva como componente indispensável do regime democrático, o qual, infelizmente, no plano institucional, tem revelado enormes dificuldades em resistir ao ataque dos donos disto tudo, mais interessados em mão de obra barata, deduções fiscais e lucros do que outra coisa qualquer, muito menos na dignidade e bem-estar dos cidadãos

“Professores a Lutar também estão a Ensinar” tem sido das palavras de ordem mais utilizadas ultimamente, que, para além de resumir um desejável efeito heurístico da luta dos professores sobre a sociedade em geral, deverá ser assumido também como o lembrete do que nunca deveremos esquecer, em benefício próprio, dos alunos e da Escola Pública.

João Correia