Artigo:“Subsídios são a última hipótese para o futuro do jornalismo”

Pastas / Informação / Todas as Notícias

“Subsídios são a última hipótese para o futuro do jornalismo”

(Público, 13 de janeiro de 2020, pg 19, de Teresa Abecassis)

Victor Pickard, professor da Escola de Comunicação na Universidade de Pensilvânia, esteve recentemente em Lisboa. Constatou o que hoje parece óbvio: que a Internet (e similares), sonhada como um meio de aprofundar e consolidar a democracia, se transformou numa séria ameaça à democracia; de um meio que deveria restringir o poder dos mercados, se tornou num instrumento de poder ao serviço desse sacrossanto mercado. Consciente do poder que as novas tecnologias da comunicação lhe fornecem para aumentar os seus lucros e consolidar os seus interesses económico-financeiros, os “mercados” rapidamente formaram os seus especialistas em controlar a informação, em criar desinformação intencional, em gerir a informação e a desinformação de modo a aumentar os seus lucros. Nesta dinâmica, a democracia ficou mesmo em perigo – o que nada preocupa o deus-mercado.

Para combater o que chama “ecossistema de desinformação”, Victor Pickard admite que o jornalismo deve ser subsidiado. Tese defensável, mas que levanta também dificuldades. É que nenhum órgão de comunicação é – nem se pretende que seja – ideológica e politicamente neutro. Subsidiar um jornal pode significar financiar com dinheiros públicos interesses privados – os que um determinado órgão de comunicação social defende. Subsidiar informação séria, rigorosa, competente pode, contudo, ser uma boa solução. Mas implica um órgão fiscalizador e de controlo que garanta a objetividade e o rigor possíveis.

Mas o melhor é ler mesmo o texto de Teresa Abecassis.

António Avelãs