Artigo:SOBRE O DIA MUNDIAL DO PROFESSOR: O COMBATE PELA IMAGEM SOCIAL

Pastas / Informação / Todas as Notícias

É fácil encontrar discursos laudatórios sobre os professores e educadores. Sempre que convém sublinha-se a sua importância social, a sua relevância na construção do futuro, o seu espírito de dedicação. A própria FENPROF acentuou este vetor com a bem lançada campanha “Damos rosto ao futuro”. Por vezes – igualmente quando convém – há quem os ataque, mesmo com acusações duvidosas ou manifestamente falsas – a medalha de ouro neste campo ficará por muitos anos na posse de Maria de Lurdes Rodrigues e Valter Lemos que procuraram afanosamente degradar a imagem dos professores e da sua profissão em troca do apoio da “população” às suas medidas contra a carreira docente. (Deve em abono da verdade dizer-se que, além da quase destruição do ECD, o mais que conseguiram foi abrir a porta à vitória eleitoral do PSD, mas isso são outras conversas.). Nos tempos que correm – tempos dramaticamente tristes e melancólicos – ainda aparece, aqui e ali, a conceção missionária da docência exigindo aos professores e educadores um esforço suplementar, um trabalho não pago em nome do interesse dos alunos ou mesmo, do bom nome da escola… Mas o conceito correto – o da docência como uma profissão – veio, felizmente, para ficar. Só o assumir claramente a docência como uma profissão, regulada por instrumentos legais coletivos (o ECD no ensino público, o Contrato Coletivo no particular e cooperativo) dignifica a profissão. O missionarismo doentio, o voluntariado ou tempos de trabalho não pago – orientações que, mesmo não explicitamente atravessam, por exemplo, muitas IPSS – funcionam, pelo contrário, como diminuindo o prestígio social da docência.

O 5 de outubro como Dia Internacional do Professor - data lançada pela Internacional da Educação - só muito recentemente ganhou “visibilidade” em Portugal, fruto do trabalho dos sindicatos da FENPROF. Ganhou força quando reagindo de imediato às primeiras ações terroristas de Maria de Lurdes Rodrigues cerca de 20000 professores e educadores fizeram a primeira das grandes manifestações do período 2006- 2008, precisamente em 5 de outubro de 2006. A partir daí, assumindo formas diferentes, tem vindo a ser sempre comemorado pelos docentes, terminando de vez com a patética ideia de considerar como Dia do Professor o dia de Nossa Senhora das Candeias…

Todos os estudos sobre a imagem social das profissões colocam os professores entre as profissões mais valorizadas e acarinhadas pelos portugueses. Há de facto uma perceção muito clara do empenho, da dedicação e do profissionalismo da classe docente, traduzida também na imagem positiva e carinhosa que boa parte dos alunos têm dos seus professores e educadores. A defesa desta justa imagem faz-se por vias diversas. Faz-se pela luta firme na defesa e alargamento dos direitos laborais – que correta é a consigna recentemente lançada “quando luto, também estou a ensinar”! Faz-se pelo exercício público e assumido do dever de cidadania, denunciando os ataques à escola pública e buscando caminhos alternativos que nos permitam sair da profunda crise que atravessamos; mas faz-se também, por exemplo, com a publicitação dos desenhos feitos pelos alunos em torno da imagem que têm dos professores, campanha conjunta da FENPROF e CAFÉS DELTA, desenhos que estarão em exposição no Espaço António Borges Coelho – na sede do SPGL- entre 6 e 23 de novembro próximos.