Artigo:SOBRE A FESTA DO AVANTE! - POR QUE NÃO HOUVE MAIS FESTIVAIS?

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Inevitavelmente, e como consequência do enorme alarido que a precedeu, a festa do Avante! que decorreu, como de costume, neste fim-de-semana é objeto de tratamento em quase todos os órgãos de comunicação social. O Público dá-lhe grande destaque na capa, analisa o conteúdo político do discurso de Jerónimo de Sousa na página 12 e no Editorial e ocupa as páginas 10 e 11 com o sugestivo título “Nunca houve uma festa como esta”. O texto reconhece que foram integralmente cumpridas as exigências (draconianas?) da Direção Geral de Saúde e sublinha a existência de um corpo de militantes especialmente encarregados de as fazer cumprir. Afirma que o PCP ganhou politicamente ao conseguir fazer a festa. O que levanta a seguinte questão: que outros grupos políticos ou agentes culturais e de festivais exigiram negociar com a DGS a realização dos seus espetáculos e iniciativas? Que outros grupos se dispuseram a realizar os espetáculos previstos se lhes exigissem a redução do número de participantes a 1/6 da sala ou espaço? (Foi isso que foi exigido ao PCP: que limitasse a pouco mais de 16000 o número de presenças num espaço calculado para receber 100000). Que grupos garantiam à DGS o cumprimento escrupuloso das medidas de segurança impostas?

Das conclusões a retirar da realização da festa do Avante! há uma que ressalta de imediato: se tivesse havido da parte dos partidos e dos grupos que organizam festivais de verão capacidade organizativa e de negociação, como o fez o PCP, outros espetáculos e iniciativas políticas se poderiam ter realizado. Mas não seriam espetáculos como nos anos anteriores, como a festa do Avante! também não foi.

Mas a realização sem problemas da festa do Avante! mostra também que, com todos os cuidados imagináveis, é possível retomar, também no campo dos espetáculos, incluindo os desportivos, uma certa “nova normalidade”, desde que haja seriedade negocial e cumprimento rigoroso do que a DGS determinar.

António Avelãs