Artigo:Sindicatos e estudantes europeus unidos contra o TTIP

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Sindicatos e estudantes europeus unidos contra o TTIP

Enquanto começa  a 14ª ronda de negociações entre a União Europeia e os Estados Unidos da América sobre o Tratado Transatlântico sobre Tarifas e Comércio, a Education International e o European Students Union proferiram uma declaração conjunta, de que se apresentam duas citações:

“Nós acreditamos que estes acordos constituem ameaças diretas ao fornecimento de serviços públicos de alta qualidade, incluindo os de educação, restringindo as capacidades regulatórias dos governos em nome do interesse público, incentivando a liberalização de serviços e expandindo os direitos das corporações multinacionais.” 

“Também constatamos a inexistência de exceções claras, desprovidas de ambiguidade, relativamente ao setor da educação. Acordos sobre comércio nunca deverão restringir a possibilidade dos governos e autoridades públicas de criarem emprego com direitos e serviços públicos de elevada qualidade, incluindo na educação.”

Mais em: https://www.ei-ie.org/en/news/news_details/4040 

O TTIP arrisca ser um dos acontecimentos mais marcantes da vida colectiva dos povos europeus, pelas piores razões, muito em particular para Portugal, país de economia ameaçada por factores estruturais como o envelhecimento, a promiscuidade entre política e negócios, uma banca de rastos, a gigantesca dívida pública e privada, uma eterna periferia que deveria ser motivo que chegasse para nos unir em torno do desígnio nacional, ou seja, a vida de todos nós, e não apenas daquele minoria que se lambuza na corrupção.

Mas Portugal, esse Portugal de nós todos, cujo sintoma mais febril se viu agora no Euro como um indubitável sinal de vida, vai, entre muito circo e alguma fome crónica, ignorando os avisos à navegação sobre o impacto deletério, irreversível, que este tipo de acordos pode ter sobre o emprego público e a prestação de serviços pelo Estado. O que está em causa aqui, são os interesses daqueles que, há muito, olharam para mina que representam as rendas potenciais na privatização dos serviços públicos, à la GPS, só que elevadas ao expoente máximo da ideologia neoliberal: competição sem entraves, mundial, com primazia para as multinacionais disto e daquilo, é dizer, venham as Microsoft da saúde, da educação, das pensões, etc.

O Mad Max pode ser isto: falências de empresas pela incapacidade de competir com os Trumps que para aí vêm; o emprego público reduzido às “funções sociais do Estado” do Coelho e outros animais- tribunais, polícias, exército, inspecção; a classe média em vias de extinção pelo efeito do dumping laboral global, de que já nos queixamos de há mais de uma década…ou seja, a americanização da sociedade em vez da europeização por que todos lutámos, tomando a Europa pelo melhor que ainda vai tendo em algumas paragens: trabalho com salários justos direitos, saúde e educação de qualidade e gratuitas para todos, entre outros “luxos”.

João Correia