Será o aumento da despesa militar uma prioridade para Portugal? E para a Europa?
Tem sido notícia recorrente nos últimos dias (e hoje o Público dedica-lhe as páginas 10 e 11 com uma entrevista ao ministro da Defesa)! a intenção dos países da União Europeia (e ainda outros) aumentarem ainda mais os gastos com armamento militar de ataque e de defesa. Meta a atingir: 2% do PIB! (Cravinho prevê, para Portugal, 1,68% em 2024). Haverá alguma racionalidade neste aumento? Será que o poderio militar acumulado, quer pela NATO, quer pela Rússia, quer pela China não é já suficientemente e mutuamente dissuasor? As limitações do apoio militar da NATO à Ucrânia não têm a ver com insuficiência de meios militares, mas sim com a necessidade de evitar a expansão do conflito para o nível do nuclear.
O volume de armamento existente é obscenamente suficiente para destruir o mundo não sei quantas vezes. A corrida aos armamentos, nestas condições, é imoral, mesmo que seja economicamente rentável, como prevê o ministro da Defesa Cravinho na entrevista atrás referida.
Portugal tem muitas outras prioridades para garantir o respeito básico pelos seus cidadãos: a habitação, a cultura, a educação, o emprego de qualidade. A despesa militar não é uma prioridade. O movimento sindical não pode atrasar-se nesta batalha... sem armas, mas contra um hiperarmamento desnecessário e inútil.
António Avelãs