Será a EPIS melhor que o Ministério da Educação a apoiar alunos com dificuldades?
O Portas que há em mim, diz que sim, porque a EPIS é privada, e, portanto, é mais sexy à partida, enquanto o MEC é soviético, e lembra aquelas senhoras quadradas da aldeia.
Mas, estéticas à parte, a EPIS como PPP do setor dos serviços da educação, que, neste caso, em abono da verdade se diga, totalmente pago pela EPIS, pelo que pude perceber, inevitavelmente nos faz colocar a questão em título, pois o que a EPIS faz, basicamente, é gerir aquilo que costuma ser uma competência direta do MEC ao nível das escolas. Ou seja, a EPIS entra dentro da sala de aula, como cabeça, como sabedoria, neste caso de matriz empresarial e, por isso, mais legitimada que a da instituição escola, que, como se sabe, é um poço de sem fundo de incompetência, incapacidade e desperdício.
A partir da leitura do artigo de hoje publicado no Diário de Notícias, visível aqui, ficamos a saber que a a acção filantrópica e desinteressada da EPIS baixou em 14% o número de reprovações de alunos intervencionados, tudo cientificamente provado.
A EPIS é uma associação de empresários que, segundo o artigo em apreço, investiu 45 milhões de euros num programa de apoio a jovens em risco, em articulação com escolas, pais, CPCJ e outras instituições. Treina professores e paga psicólogos, e terá gerado uma poupança de 400 000 euros ao Estado, ao evitar que 80 jovens chumbassem, ou seja, uma poupança de 5000 euros por cada cabeça.
Também distingue as boas práticas de gestão da escola, tendo publicado um manual sobre o assunto em 2009, com base no envolvimento de 500 escolas.
Através do seu programa de mediadores, sejam professores das escolas, ou psicólogos, a EPIS apoiava 5812 alunos em 2008, tendo vindo sempre a subir o número ao longo dos anos, chegando actualmente a 19 783.
No site da EPIS fica-se a saber que o aluno, os professores envolvidos, a escola, os pais, etc., são endoutrinados no chamado “Mentoring Empresarial”, que, numa rápida pesquisa, consiste em:
“Mentoring: "tutoria", ou "apadrinhamento". O mentoring é uma ferramenta de desenvolvimento profissional e consiste em uma pessoa experiente ajudar outra menos experiente. O mentoring inclui conversas e debates acercas de assuntos que não estão necessariamente ligados ao trabalho. Este processo possibilita o aprendizado e consequente desenvolvimento na carreira do profissional mais jovem.”
Não sei quanto a vós, mas realmente eu nunca tinha ouvido falar deste complexo conceito, apenas acessível a gente iniciada da hermenêutica empresarial, embora tenha uma leve semelhança com as tutorias das escolas não epizadas.
A EPIS também proporciona coisas novas e de ponta como o “Job shadowing”, que, segunda outra fonte mais ou menos fidedigna retirada à pressa da net, se trata de uma atividade oferecida a estudantes universitários para explorar carreiras – tornam-se, durante um pequeno período, a "sombra" de algum profissional, em um ambiente real de trabalho.
Isto também me surpreende sobejamente, sendo que a semelhança do conceito com estágios não remunerados, ou secretariado de borla, se trata de óbvia coincidência ou simplesmente de uma perspectiva claramente enviesada à esquerda radical.
Há tanto para descobrir no universo EPIS. Vão ao site, e tenham um vislumbre do futuro, de escolas sabiamente geridas por grupos de educação privados, plenos de boa vontade e rendas no bolso.
João Correia