Ser ou não ser Denunciante
"Há ainda muitas coisas que os portugueses merecem saber".
Pois é, mas Rui Pinto está preso, ao que parece, para, preventivamente, nos defender de saber mais coisas.
Há até um coro de políticos, especuladores financeiros, advogados de consórcio e comentadores encartados que questionam a forma como o denunciante obtém os indícios dos diversos crimes que publicita. O crime, para estas virgens ofendidas, está em aceder e denunciar as operações financeiras ilegais, entre outras coisas, que permitem aos todo-poderosos deste mundo enriquecer de forma absolutamente selvagem e obscena, atirando ou mantendo na extrema pobreza uma larga maioria dos cidadãos deste desordenado Mundo.
Sim, queremos saber mais sobre o sistema bancário e os vistos Gold e outros assuntos que nos mantém confiscados.
Fala-se em criar o Estatuto de Denunciante, o que seria óptimo e não confundível, ainda que tentador para alguns comentadores habilidosos, com a abjecta figura do Delator Premiado. O denunciante, neste caso Rui Pinto, não cometeu o crime que dá a conhecer e isto faz toda a diferença.
A ganância extrema e exponenciada, que prejudica os povos e os estados, independentemente da forma como se soube da sua existência, tem que ser denunciada e cabe-nos a nós, vítimas maiores dessa mesma ganância, defender todos os denunciantes lúcidos e bem intencionados.
Ricardo Furtado