Semana de provas de aferição de português e matemática do 2.º, 5.º e 8.º anos. E depois?
As provas de aferição do ensino básico realizam-se durante esta semana, nos dias 6 e 8, apenas em 57 % das escolas. Com efeito, após ter anunciado que as provas seriam obrigatórias já neste ano, o ME decidiu que seriam facultativas e delegou nas escolas o poder de decisão sobre a sua realização.
Após o fim das provas finais no 4º e 6º anos, o ME apresentou estas provas de aferição como um novo modelo de avaliação externa para se perceber quais as dificuldades dos alunos a meio do ciclo, de modo a serem ultrapassadas. A avaliação não incidirá apenas no Português e na Matemática e incluirá de modo rotativo outras disciplinas, como é o caso, já neste ano, Estudo do Meio, que foi incluído na prova de ontem. No caso de Português, a prova inclui a avaliação da oralidade
No país, a percentagem de escolas que aderiu à sua realização é variável, sendo de 43%, na região do Algarve; metade das escolas no Alentejo; 62%, na Área Metropolitana de Lisboa; 52% na região centro; e 58% no Norte.
Do total de 57% de escolas que optaram pela sua realização, a percentagem de alunos que realizaram ontem a prova de Português é superior a 96%, não obstante o facto de a nota não contar na avaliação final dos alunos.
As provas começaram esta segunda-feira com Português e Estudo do Meio para os alunos de 2.º, 5.º e 8.º ano (apenas Português).
Segue-se a prova de Matemática e Estudo do Meio, na quarta-feira, dirigida aos mesmos alunos.
No final, será facultado um Relatório Individual da Prova de Aferição (RIPA), com a caracterização detalhada do desempenho de cada estudante em cada prova.
O fim das provas finais (exames) veio restituir às escolas a tranquilidade de que necessitam para respeitarem diferentes ritmos de crescimento e de aprendizagem e cumprirem o seu papel educativo, desenvolvendo outras competências como a criatividade, a curiosidade face ao saber, o espírito crítico, que foram relegados para uma posição secundária, no momento em que a escola foi pressionada para “preparar alunos para exame”, tornando-se quase meramente transmissora de conhecimentos.
Porém, a realização destas provas tornar-se-á completamente inútil se não der origem a uma mudança no funcionamento das escolas. Não bastam os relatórios sobre o desempenho e dificuldades dos alunos, pois cada professor e cada escola consegue detectá-los facilmente. Importa, sobretudo, respeitar as condições de trabalho de alunos e de todo o pessoal docente e não docente. É preciso não sobrecarregar os professores com tarefas desnecessárias, impedindo-os de ter tempo para pesquisar, reflectir, discutir com os parceiros educativos. É urgente combater o burnout que existe em muitos profissionais. É fundamental dotar as escolas de mais assistentes operacionais técnicos, psicólogos educacionais, terapeutas, mediadores culturais, etc., e criar equipas de trabalho com o objetivo de resolver os problemas dos alunos.
Contudo, dificilmente as medidas adoptadas pela escola darão resultados muito positivos se a própria comunidade não se envolver na resolução de problemas que vão do exterior para a própria escola.
Paula Rodrigues