Artigo:Sem emprego não há sociedade

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Sem emprego não há sociedade

A pretexto da pandemia temos assistido ao anúncio de despedimentos massivos em grandes empresas nacionais e multinacionais.

Por cá, depois da TAP, vem agora a Altice ameaçar com o despedimento de milhares de trabalhadores, a maioria a ocupar lugares de necessidade permanente.

Se a diminuição abrupta dos fluxos turísticos reduziu enormemente a atividade da TAP, o mesmo não se pode dizer da atividade prioritária da Altice.

Bem pelo contrário. Por todo lado e em todos os sectores aumentou o recurso às redes digitais de comunicação.

Então o que  justifica  a estratégia da Altice?  a diminuição dos custos do trabalho com trabalhadores com vinculo contratual à empresa, substituindo--os por  trabalhadores precários, recorrendo a empresas de sub-contratação de mão-de-obra e/ou empresas de prestação de serviços.

Nada disto é novo, muitas empresas já o têm feito, diminuindo escandalosamente os custos de produção à custa da estabilidade e do salário dos, cada vez mais, desprotegidos trabalhadores.

Neste aspeto, a proteção do emprego e, por atacado, da sociedade, a atuação dos governos, por todo o lado, tem sido de uma irresponsabilidade total, alinhando sempre pelo interesse dos empregadores. Lembremo-nos que as Grandes Guerras do século passado aconteceram em momentos em que o desemprego na Alemanha atingiu proporções inaceitáveis.

Nos tempos que correm, a combinação entre as Leis Laborais em constante alteração depreciativa e a atuação do Tribunal do Trabalho e da ACT, tem contribuído de forma substantiva para a desvalorização multifacetada do valor do trabalho em Portugal.

A quem interessa verdadeiramente a precariedade e, em consequência, os baixos salários, a instabilidade e o emprego/desemprego intermitente?

Pois.

A uma sociedade equilibrada, justa e equitativa não será certamente.

Só a vitalização e a reinvenção  dos movimentos associativos de trabalhadores a uma escala transnacional, porque o problema é mundialmente comum, poderá  contribuir decisivamente para o estabelecimento de uma justa relação laboral .

Ricardo Furtado