Realismo, Sr. Ministro?
Hoje, para a derradeira reunião negocial sobre o novo modelo de concursos de professores, idealizado, apresentado e defendido pelo ME, o ministro João Costa pede aos representantes dos professores “realismo”.
Conhecendo minimamente o histórico destas negociações, desde a apresentação inicial do inenarrável “PowerPoint” e a farsa das FAQ, até à última versão do documento hoje em “discussão”, nós, professores, não temos falado, como bem se pode ver nos pareceres e sugestões que temos produzido, de outra coisa que não seja a REALIDADE.
A menos que o realismo a que se refere o ministro tenha tudo a ver com a realidade que todos vivemos nas escolas deste país, e no país em geral, da reunião de hoje nada se pode esperar.
É já hoje bem claro para todos nós que os pressupostos apresentados nesta proposta do ME não irão resolver os problemas da Escola Pública no que à contratação e colocação de professores diz respeito. Nada acrescenta em termos de atractividade para a carreira docente e, em consequência, para os próximos anos continuaremos a ter alunos sem aulas a algumas disciplinas em muitas zonas do país.
De facto a realidade em que vivem Costa e Costa no que à Educação diz respeito tem muito pouca adesão com o que realmente se passa no sector.
Realismo, senhores ministros, é perceber que o aumento das barracas na grande Lisboa, a insatisfação dos trabalhadores portugueses relativamente às condições de trabalho e a manutenção das desigualdades salariais entre homens e mulheres, como tivemos conhecimento em noticias recentes, têm tudo a ver com um sistema de educação que se menoriza em termos civilizacionais ao não considerar, respeitar e dignificar todos os seus intervenientes.
Infelizmente, a realidade é que continuamos à espera de um Ministro da Educação em Portugal.
Ricardo Furtado