Questões de classe
Francisco Gonçalves (SG FENPROF), Correio da Manhã, 9 de setembro de 2025
"Reduzir as propinas é colocar toda a sociedade a pagar o ensino daqueles que tiveram o privilégio de frequentar ensino superior e isso é regressivo" disse o ministro da educação, ciência e inovação Fernando Alexandre.
Desta vez, o pensamento neoliberal foi vertido na palavra, não ficou escondido sob a mesma. É tão simples esta visão do mundo: a educação superior é uma mercadoria e, como tal, deve ser paga por quem a compra. Quem não tem dinheiro para comprar, que faça um empréstimo!
Mas há duas perguntas, a montante, que carecem de resposta: terão as formações superiores, mais prestigiadas, população escolar de idêntica origem social da dos cursos profissionais (do ensino secundário), menos distintos? Estará, por acaso, a estratificação da população escolar a reproduzir, crescentemente, a estratificação económica da sociedade?
Temo que haja uma marca de classe! Afinal, a educação inclusiva praticada é uma quimera: nunca foram disponibilizados, aos de baixo, recursos suficientes para eliminar a diferença de partida, relativamente aos de cima.