Quem é que não quer notificar Vale e Azevedo?

Na abertura do ano judicial, evento a que o Público de hoje (21 DE ABRIL) dá destaque nas páginas 14 e 15, o presidente da República declarou compreender “que a justiça tem o seu tempo, que não é o tempo da vida social, económica e política”, “mas mesmo para o seu tempo ainda é lenta demais”(…)”. Certo. Mas não há nenhuma dimensão de tempo que justifique que durante três anos não tenha sido possível notificar o oligarca Vale e Azevedo, acusado de ter burlado bancos num total de 25 milhões de euros, através de processos que abrem também claramente a hipótese de “intencional incompetência” dos bancos envolvidos. O  julgamento já foi adiado 4 vezes, sempre pelo mesmo motivo. Vale e Azevedo trabalha e vive luxuosamente em Londres, mas a polícia não consegue entregar-lhe a notificação! Invocam-se, segundo o texto do jornal referido, problemas de tradutor (!) e da criação de um endereço eletrónico(!). A acusação tem 10 anos, não sei se prescreva brevemente…

Honestamente, há que perguntar: terá Vale e Azevedo conseguido subornar consecutivamente a polícia? Ou será uma “mera questão de útil incompetência”? Mais um caso que ilustra o que todos sabemos: há uma justiça para os super-ricos, outra para os ricos, e - aquela que notifica sempre que é preciso - uma justiça para o povo comum.

António Avelãs