Artigo:Que interesses?

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QUE INTERESSES?

Causou-me particular náusea a insinuação de Passos Coelho sobre os “interesses” que estariam a conduzir o ministro da Educação. Quando, nestes contextos políticos, se fala de “interesses”, sugere-se de imediato um comportamento ilegítimo, pelo menos do ponto de vista moral. Sugere-se antepor interesses “próprios” ao interesse geral. Mesmo que não tenha sido essa a intenção do ressabiado ex-primeiro-ministro, é justa a posição do PS exigindo que esse senhor especifique as insinuações que fez. Se, como alguns sugerem, Passos Coelho quisesse tão só considerar que Tiago Brandão Rodrigues estaria a servir os interesses do PS, do PCP e do BE, i.e. os interesses do governo, terá de considerar que são interesses “legítimos”- são os que resultam da vontade popular. E que interesses são esses? São, como muito bem afirmou o ministro da Educação, o bom uso dos dinheiros públicos, não aceitando como legítimo que o Estado pague desnecessariamente serviços a “duplicar”: pagar a colégios por serviços que a escola pública está em condições de realizar com a mesma ou melhor qualidade.

Pelo contrário, o governo de Passos Coelho, tendo o inenarrável Nuno Crato como ministro da Educação, pôs-se de facto ao serviço do interesse privado dos colégios, “maribando-se” positivamente para o bom uso dos dinheiros dos nossos impostos.

Convém a propósito lembrar que alguns dos colégios cujos interesses Crato tão pressurosamente protegeu – do grupo GPS – estão sob investigação da polícia por uso indevido dos dinheiros recebidos. E a que interesses obedeceu a Câmara de Caldas da Rainha, sob a presidência do PSD Fernando Costa, ao anular a construção prevista de uma escola pública no mesmo espaço onde se veio a construir o colégio Dona Leonor?

O bom uso dos dinheiros públicos é sempre um “interesse” legítimo. Pelos vistos princípio dificilmente aceitável pelo PSD…

António Avelãs