Artigo:Quase metade dos finalistas dos cursos profissionais em 2018 queriam seguir para o superior

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Quase metade dos finalistas dos cursos profissionais em 2018 queriam seguir para o superior

Novo estudo sobre a Situação dos Estudantes à Saída do Ensino Secundário em 2017/2018 confirma diferenças de desempenho e de origem socioeconómica entre os alunos dos cursos científico-humanísticos e dos cursos profissionais.

Público, 17/06/2020

Cerca de 80% dos estudantes que em 2018 estavam a concluir o 12.º ano, ou equivalente, pretendiam continuar a estudar após a conclusão do ensino secundário. Esta proporção subia para 94,7% entre os alunos dos cursos científico-humanísticos (CCH), concebidos com este objectivo, e ficava nos 47,7% nos estudantes que se encontravam a terminar os cursos profissionais (CP), mais direccionados para a entrada na vida activa após o fim do secundário. Em média, apenas 18% dos alunos do profissional têm conseguido concretizar esta aspiração. 

Estes são alguns dos resultados do último estudo da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) sobre a Situação dos Estudantes à Saída do Ensino Secundário, que tem como ano lectivo de referência o de 2017/2018.  O retrato tem na base num inquérito aos estudantes, realizado entre Março e Setembro de 2018.

Segundo a DGEEC, os resultados são representativos dos 95.353 jovens que então estavam a concluir o secundário, “contando com 48,7% de respostas [cerca de 46 mil alunos] e 51,3% de dados extrapolados”. O estudo anterior, relativo a 2014/2015, baseava-se apenas nas respostas ao inquérito, sem extrapolação de dados para o universo total.

Apesar desta mudança de metodologia desaconselhar comparações, refira-se que em 2015 a proporção de estudantes que pretendia seguir estudos para além do 12.º ano era bastante inferior à apresentada em 2018, nomeadamente no que respeita aos alunos dos cursos profissionais que neste intervalo subiu de 34,6% para 47,7%.

Neste período, o número de inscritos nos chamados cursos técnicos superiores profissionais (Ctesp), uma oferta de dois anos principalmente vocacionada para o prosseguimento de estudos dos alunos do ensino profissional, passou de 395 para 15.062. Estes cursos só são ministrados nos institutos superiores politécnicos.

O estudo da DGEEC revela que entre os estudantes do profissional que queriam prosseguir estudos, 42,3% tinham como “principal expectativa a frequência de um curso superior universitário”. Uma aposta que já foi alcançada por cerca de dois terços dos alunos que concluíram os cursos técnicos superiores, cujo acesso não depende dos exames nacionais, e seguiram depois para uma licenciatura. A partir deste ano, os estudantes do profissional têm também um concurso especial de acesso ao superior.

Mais retenções no profissional

Analisando o percurso escolar dos alunos que estavam a concluir o 12.º ano em 2017/2018, desde o ensino básico até ao final do secundário, a DGEEC conclui que para 54,1% dos estudantes que estavam em cursos científico-humanísticos este “terá decorrido sem retenções nem alteração de percurso, uma vez que não revelam desvios etários”. Em situação diferente estavam os estudantes dos cursos profissionais: “73,9% apresentou um ou mais anos de desvio etário face à idade de referência” para a frequência do final do secundário (18 anos).

Por outro lado, este novo estudo vem ainda confirmar a diferença acentuada que existe entre as condições socioeconómicas do agregados familiares dos alunos dos CCH por comparação aos seus colegas do ensino profissional: os alunos dos CCH pertenciam a famílias mais escolarizadas, com o ensino superior ou secundário (68,4%), enquanto os estudantes que frequentavam os CP eram oriundos de agregados, que possuíam, “maioritariamente, habilitações escolares inferiores ou iguais ao 3.º ciclo do ensino básico (72,8% e 60,3% respectivamente)”.

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Mais um dado. As famílias dos alunos dos cursos científico-humanísticos “estavam principalmente no grupo dos “especialistas das profissões intelectuais e científicas, enquanto os familiares dos estudantes dos cursos profissionais estavam sobretudo no grupo dos ‘operários, artífices e trabalhadores similares’ e ‘pessoal dos serviços e vendedores’”.

Francisco Martins da Silva