Artigo:Quase 20 anos de rankings… resultados?

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Quase 20 anos de rankings… resultados?

Este fim de semana voltaram os rankings das escolas. Variados, de acordo com os critérios usados para “classificar”. Passada a natural curiosidade de saber em que lugar ficou a escola x ou y, procuramos algumas análises e opiniões. De todos os textos lidos, dois ganham particular importância. Um tem o título desta “notícia do dia”. Autores: Gil Nata e Tiago Neves, página 15 do dossier do Público (sábado, 16 de fevereiro). Diz o artigo: (…) ”A pergunta impõe-se: dezoito rankings depois, existem provas do impacto positivo da sua publicação na melhoria do sistema educativo português? E a resposta é clara: “Dos trabalhos por nós realizados e da literatura científica que revimos sobre esta matéria, não encontramos nada que o indique”. Esclarece ainda que (…) ”directores de escolas públicas e privadas, de escolas acima, no meio e abaixo da tabela consideram este tipo de rankings injusto e simplista, designadamente, porque não contempla o tipo de alunos com que cada escola trabalha”. Os autores apontam mesmo aspetos negativos que resultam destes rankings: “(…) o excessivo enfâse nos resultados dos exames tem como consequência a alteração do trabalho da escola”(…) e “a escolha dos melhores alunos pelas escolas bem posicionadas resulta muito provavelmente num sistema progressivamente mais polarizado”. E salienta ainda o autor: “(…) as recomendações de organizações internacionais como a OCDE apontam caminhos bem diferentes para a melhoria dos sistemas educativos(…): a alocação dos melhores professores para as escolas com os “piores alunos” e a não separação dos alunos em turmas ou escolas dos melhores vs .piores”

Esta visão muito crítica dos rankings é ainda ampliada no texto de Conceição Silva e Ana Camanho na página 12 do mesmo dossier: E depois do secundário, como se comparam as escolas? mostrando haver pouca relação entre as elevadas notas dos exames do secundário e o sucesso/qualidade obtido no ensino superior. Sintetizam as autoras: “Há efeito negativo no desempenho universitário quando vêm do secundário com médias mais altas nos exames”.

Uma última pergunta se impõe: se há um largo consenso sobre a injustiça e a inutilidade destes rankings por que razão continua a sua publicação anual? A quem interessa insistir nesta fraude?

António Avelãs