Artigo:Quando o PS se agiganta, safa-nos o António Costa?

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Quando o PS se agiganta, safa-nos o António Costa?


Se o PS estiver em condições de uma maioria absoluta, bastará a costela de esquerda do respectivo líder para conter a pressão dos “grandes empresários”?
A chama que nos dá esperança, pouca, que o PS não se converta em nova maldição para os trabalhadores portugueses, chama-se António Costa. Olhando o partido de lés a lés, varridos pelo tempo e pelo espaço Mário Soares, Jorge Sampaio, António Guterres e muitos outros, não consigo ver uma única figura na montra que dê qualquer garantia que o PS não volte à senda da privatização do ensino, disfarçada disto ou daquilo, à boa maneira da terceira via do senhor Blair.
Preocupam por isso, ainda mais, as palavras do senhor primeiro ministro ontem à noite, quando ao justificar-se relativamente à greve do dia 21 de junho, afirma não compreender as motivações dos professores no meio de tantas coisas boas que nos aconteceram, dadas exactamente pelo atual Governo: descongelamento no próximo ano , vinculação extraordinária.
 
Mas nem uma palavra sobre o dia a dia dos professores nas escolas, sobre a confusão entre componente lectiva e não lectiva, da insuportável carga de trabalho, da reposição nos escalões em que efectivamente deveríamos estar, do arrastar penoso de colegas com mais de trinta anos de uma profissão de reconhecido desgaste, entre um não acabar de “pequenos detalhes” pelos quais devíamos estar quietinhos e não estrebuchar, na opinião do senhor primeiro ministro.
 
Sabemos que, além das pessoas, interessam os compromissos políticos assumidos, o programa dos partidos e de governo. Mas sem pessoas, não há política, apenas software. Talvez este vazio de gente seja o reflexo de um tempo em que as pessoas com P grande se encontram em rarefação, por motivos algo misteriosos, que à razão nos escapam.
 
João Correia