Artigo:Provas de Monitorização da Aprendizagem (ModA) | Provas ModA ou a moda das provas?

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Provas de Monitorização da Aprendizagem (ModA)

Provas ModA ou a moda das provas?

Paula Rodrigues | Dirigente SPGL

No presente ano letivo, o modelo de avaliação externa das escolas foi alterado, sem uma avaliação séria e independente do modelo anterior. O MECI decidiu impor a realização, em formato digital, das provas de Monitorização da Aprendizagem (ModA) e das provas finais do ensino básico em formato digital ou híbrido, antecedidas de provas-ensaio. 

Entre 10 e 22 de fevereiro, as turmas dos 4.º, 6.º e 9.º anos realizaram estas provas-ensaio, num calendário flexível, o que facilitou a divulgação de perguntas e não espelha a previsível sobrecarga das plataformas, resultante de um acesso simultâneo a nível nacional. 

Horários, distribuição de salas e a componente letiva dos docentes envolvidos no secretariado de exames foram alterados. Professores realizaram trabalho extraordinário, maioritariamente não remunerado. Na ausência de técnicos informáticos, docentes, sobretudo os de TIC, foram mobilizados para remediar os problemas de obsolescência do equipamento informático e da internet, ultrapassando claramente as suas funções. Registaram-se dificuldades na utilização das credenciais, no acesso às plataformas e quebras na internet. Acima de tudo, com turmas sobrelotadas, programas extensíssimos, falta de apoio técnico e equipamento informático ultrapassado, os alunos não treinaram competências necessárias para uma avaliação em suporte digital – o que é particularmente grave no caso das provas finais dos alunos do 9.º ano, cujo resultado tem um impacto de 30% na avaliação final dos mesmos.

Na fase da classificação das provas (de 20 de fevereiro a 21 de março), os docentes classificadores viram acumulada esta função a todas as outras constantes no serviço atribuído. Mais tarde, foi permitida a dispensa da componente não letiva de estabelecimento, tempo claramente insuficiente dado que a maior parte das tarefas docentes não é facilmente adiável.

Perante esta sobrecarga inaceitável de trabalho, muitos professores decidiram aderir à greve declarada pelos sindicatos da FENPROF a todas as atividades relativas às provas-ensaio. Foram, contudo, relatados casos de pressão no sentido de não o fazerem ou de declararem a sua adesão à mesma, atitude prepotente que claramente não respeita o direito à greve, nem as reais necessidades dos alunos. O facto de o acesso às provas ser feito numa plataforma introduz alguma confusão no processo, mas não pode justificar atropelos à lei.

Após mês e meio gastos neste processo, as escolas e professores estarão, no fim do ano letivo, envolvidos nas provas de Monitorização da Aprendizagem (ModA), de 19 de maio a 6 de junho; e nas duas fases da realização das provas finais de ciclo (9.º ano) e exames do ensino secundário – de 17 a 30 de junho (a primeira) e de 18 a 24 de julho (a segunda) – a que se segue a morosa tarefa de classificação.

2024-2025 será certamente um ano em que as escolas viram esgotar recursos humanos e materiais em torno de uma avaliação externa com muito pouco impacto nas reais necessidades e aprendizagens dos alunos, há muito identificadas.