Artigo:Projetos Pedagógicos - Vamos viajar, mas com alma

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Projetos Pedagógicos

Vamos viajar, mas com alma

"Viagens com Alma" é o nome de um projeto da Escola Secundária Professor José Augusto Lucas [ESPJAL], de que os mais antigos registos datam de 2016. Um novo nome, que dá sequência a outros projetos anteriores.

Lígia Calapez, Sofia Vilarigues | Reportagem

No fulcro desta dinâmica – que, sendo um projeto de artes, anualmente inclui alunos e professores de várias áreas – está Mário de Sousa, professor de Desenho A. Na breve entrevista que tivemos com ele, no mesmo espaço em que fervilhavam os preparativos para um espetáculo de apresentação da nova exposição - Veneza... Cidade flutuante, cidade Mágica -, foi possível ficarmos com uma pequena noção do muito que este projeto envolve. Com uma ideia de fundo, como frisou o nosso entrevistado: “São viagens com alma. É nós olharmos para as coisas. E não olhar por olhar. Olhar e observar e ver o que está lá por detrás daquilo tudo”.

O que é o "Viagens com Alma"?

"Viagens com Alma" é um projeto que visa irmos a vários sítios sem sairmos da escola. E possibilitar que toda a gente possa visitar sítios a que às vezes não conseguimos ir.

Como é que isso se faz?

No início do ano, o tema é proposto aos alunos. Depois de eles anuírem, e se gostarem do tema, nós avançamos. 

Que turmas são envolvidas?

Normalmente, vou envolvendo duas turmas. Que são as de Artes. 

Depois, há muitos colegas que também fazem trabalhos, em vários níveis. No nono ano, oitavo ano, sétimo ano. Tento envolver as outras escolas do agrupamento. Participam alunos e professores de Geografia, Geometria Descritiva, Português, Educação Física, Cine-Multimédia, Educação Visual, EVT…

Porque eu penso que só assim isto é importante.

E o que digo aos meus alunos é: Vocês têm de aprender. Aqui na escola, nós não damos só matérias. Temos de ensinar o que é a vida. E a vida é colaborarmos uns com os outros. Participarmos todos na vida uns dos outros. E é isso que nós fazemos.

Que viagens já fizeram?

Já fizemos muitas. O ano passado foi África. Foi espetacular. Muita cor, boa música. Foi muito interessante.

Cada projeto tem duas exposições. Uma em novembro, em que nós mostramos à escola a temática que vamos abordar. E, depois, em maio, normalmente, é a exposição final. Em que renovamos os cenários todos. 

Desta vez foi diferente, porque era o Carnaval de Veneza e não fazia sentido fazer em maio o Carnaval. 

Qual tem sido a participação dos alunos? 

É boa. Há grande participação.

Nós temos aqui cenários grandes pintados, cenários de 5 metros por 5. Isto durante o dia de aulas é difícil. Mas à quarta-feira à tarde não há componente letiva. De maneira que é nessas tardes que fazemos aqui um estendal enorme e vamos pintando os cenários. 

Depois, vou recrutando grupos de uma turma e da outra e vamos fazendo, assim, as nossas tarefas. Tento misturar. A tal mistura de que eu gosto. 

Que artes é que envolvem? 

Temos a dança, a pintura, o desenho, o canto. Tentamos reunir tudo. Também os alunos do ensino articulado. Hoje, vamos ter um grupinho grande de atuações. Eu fico tão contente! 

Fazemos sempre um beberete. Desta vez fomos ao Pingo Doce e, como queríamos uma coisa ligada à Itália, pedimos gelados e pizzas.

É o que eu digo aos meus alunos. Quando há boa vontade nós damos volta às situações. Conseguimos sempre. E depois tenho uma direção excelente. Isso dá-me mais força. E mais possibilidades de trabalhar. Também tenho colegas excecionais, que colaboram.

E é esta envolvência que faz o projeto. O projeto é isto. 

Houve envolvimento, anterior, também de alunos da Pedreira dos Húngaros?

Sim, nos primeiros anos. Foi incrível! Na altura tínhamos muitos cabo-verdianos. Fizemos uma exposição sobre Cabo Verde. E fomos a Cabo Verde. 

Foi muito interessante. Porque colaboravam imenso. Fizemos um desfile com trajes típicos. Fizemos uma venda de peixe (muitos tinham pais e mães que vendiam peixe). De legumes. Foi incrível. 

Íamos à Pedreira dos Húngaros e convivíamos e conversávamos. E era assim que os convidávamos para virem a estas iniciativas. Tínhamos uma boa relação. Quando a gente se aproxima, a relação torna-se fácil.

Fizeram mais viagens, foram a mais sítios?

Fizemos muitas viagens, de acordo com a temática dos projetos. Fomos a Cuba. Fomos a Cabo Verde. Fomos à Grécia. Tudo com o dinheiro que conseguíamos com a venda de bolinhos que fazíamos. Ou com almoços temáticos na sala de professores. E era assim que arranjávamos dinheiro. Não era todo, mas era uma boa parte. Mas agora, não podemos fazer isso. Já não é permitido.

Para mim é muito fácil, na aula, pedir aos alunos para fazerem um trabalho. Porque eu tenho a certeza de que eles vão abraçar aquilo. Porque fica um laço. E o que eu digo, às vezes, é que o pior das viagens são as despedidas. Quando eles se vão embora.

Qual é a importância das viagens?

A importância das viagens? É o que eu digo sempre: vamos viajar, mas com alma. Não é viajar por viajar. Por isso, o tema. São viagens com alma. É nós olharmos para as coisas. E não olhar por olhar. Olhar e observar e ver o que está lá por detrás daquilo tudo.

E como é que faz isso? 

É valorizando o que eles fazem. E dizer que as coisas não acontecem por acaso. Aquilo está ali, por algum motivo. É mostrar o sentido das coisas.

 

Blog do projeto Viagens com Alma
https://viagensnaespaj.blogspot.com/
Mário de Sousa (Professor na Escola Secundária Professor José Augusto Lucas)

Texto original publicado no Escola/Informação n.º 307 | jan./fev. 2024