Artigo:Profissionais valorizados melhoram a qualidade dos serviços públicos

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Profissionais valorizados melhoram a qualidade dos serviços públicos

No jornal  Público de hoje (14/06),  Renata Monteiro escreve sobre profissionais da administração pública noutros países. Neste artigo, podemos ler sobre pessoas que emigraram para outros países e aí desempenham funções públicas em várias áreas: autarquias, saúde e educação. Em comum, estes profissionais referem a valorização e progressão nas carreiras, sendo que o título nos alerta de imediato para esse facto: “ Melhores salários e progressão: eles trabalham na função pública lá fora” 

José Pedro Reis (a trabalhar na autarquia de Londres) refere que : “ As carreiras são vistas com bastante potencial; com muita capacidade de influência, muito dinâmicas” e acrescenta ainda “Há muitas oportunidades para sentirmos que somos valorizados e que temos capacidade de ter impacto.” E acrescenta “Já comparei o salário e as responsabilidades que tem com um técnico superior de um escalão intermédio em Portugal e a diferença é mais do dobro” (…) “ O salário cresce muito na administração pública”, em comparação com o país de origem onde refere que: “Há as dificuldades de entrar na administração pública portuguesa, a ideia de que é difícil inovar e a questão do salário. Depois, grande parte do trabalho que faço seria um cargo de nomeação política em Portugal”.

Ana Correia, uma trabalhadora da área da saúde ( enfermeira) em Inglaterra assinala: “ A diferença entre Portugal e Inglaterra em termos de progressão na carreira é gigante”. Para além disso sente igualmente a valorização profissional onde inclusive usufrui de formação paga: “Neste momento o meu hospital está a pagar-me a especialidade”

Por outro lado o horário de trabalho permite-lhe ter tempo para uma vida pessoal.“ Isto dá-lhe tempo e orçamento para ir ao ginásio, ir visitar Londres, ou deixar-se ficar pelos muitos parques do condado… queria equilíbrio de vida e de trabalho”. O artigo faz referência ainda a uma trabalhadora de uma creche que acompanhou a família forçada a emigrar: “ os salários baixos empurraram o marido para um emprego em Helsínquia”. Cristiana Levinthal afirma ainda que a “diretora do jardim de infância (…) valorizou muito a minha formação”

Profissionais dos serviços públicos em Portugal ou noutros países referem a necessidade de valorização das carreiras, o aumento dos salários e horários de trabalho que permitam conciliar a vida profissional, pessoal e familiar. Ter profissionais da administração pública motivados e felizes é meio caminho andado para a melhoria e a qualidade dos serviços públicos. Cada vez faltam mais profissionais nos mais diversos serviços: hospitais, escolas, tribunais e outros. Todos os dias há notícias de serviços que encerram, ou deixam de funcionar por falta de profissionais. E porque faltam estes profissionais? Porque falta atratividade às carreiras, porque abundam os salários baixos, os horários sobrecarregados e a desvalorização destes profissionais.

Falta investimento nos serviços e funções sociais do estado. E este desinvestimento é uma opção política que teima na degradação e impede a acessibilidade a bens e serviços que são de todos/as.

É preciso reafirmar: o público é de todos e o privado é só de alguns.

Albertina Pena