Diz o "Público" de hoje (28 de Outubro) que "Professores independentes apelam à união da oposição" E, no corpo da notícia pode ler-se, "apelaram ao consenso da oposição na votação dos projectos de lei que visam suspender a avaliação e o ECD" Esta notícia merece alguns comentários: estes professores são independentes relativamente a quê? A resposta será "relativamente aos sindicatos". O que longe de ser uma virtude, mereceria ser objecto de censura. Os últimos tempos mostraram que,se é verdade que os sindicatos não têm o monopólio da mobilização dos professores, também mostraram que sem os sindicatos não há significativas mobilizações . Proclamar a "independência", isto é, a não sindicalização, como uma virtude e uma mais valia na luta dos trabalhadores (no caso, os professores) é, teoricamente, uma posição contra os trabalhadores, é claramente uma posição de direita. E já não colhe a serôdia tese da subordinação dos sindicatos ao PCP. Não só porque a maioria dos sindicatos de professores se situam em outras áreas políticas (nomeadamente o PSD), mas também porque mesmo dentro da Fenprof as listas patrocinadas pelo PCP têm sofrido pesadas derrotas nos maiores sindicatos.
Mas a questão de fundo não é essa. É que é profundamente errado responsabilizar apenas os partidos da oposição. É precisamente isso que Sócrates defende e pretende, de modo a vitimizar-se. Os professores- sobretudo através dos seus sindicatos- devem procurar o apoio da oposição, mas sobretudo têm de exigir ao PS e ao governo uma solução rápida, justa e negociada destas ( e outras questões).
De resto, o interesse nacional exige que se encerre, de forma adequada e justa, esta questão da avaliação de desempenho e da revisão do ECD - e as propostas da Fenprof são adequadas. De facto, estas matérias não podem ser consideradas como um fim em si mesmas, mas tão só como instrumentos para o essencial: uma escola pública justa e de qualidade.
António Avelãs