Artigo:Professores em Timor - é necessário agir rapidamente!

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Os relatos que nos têm chegado de alguns dos 140 professores integrados no projeto bilateral entre Portugal e Timor-Leste na área da educação, o Projeto CAFE, é preocupante.

O medo instalado é diretamente proporcional ao silêncio das autoridades timorenses e portuguesas.

Num ano já com fortes provações que inclui fortes cheias que destruíram instalações onde funcionavam os cursos de português e até a própria escola portuguesa de Díli, junta-se o atual cenário pandémico com a elevadíssima possibilidade da entrada deste surto viral já em Timor-Leste.

A falta de medicamentos e de recursos humanos qualificados, a inexistência de controlo de fronteiras, quer de cidadãos chineses quer de outras nacionalidades, agravam cada vez mais esta situação.

No dia 19 de março, numa reunião realizada na embaixada de Portugal em Timor-Leste onde estiveram presentes o próprio Embaixador, uma Adida da Cooperação, todas as coordenadoras do Projeto CAFE e os coordenadores dos 13 municípios onde existem escolas deste projeto, não se conseguiram respostas.

Houve uma nítida desvalorização da situação por parte do próprio embaixador, referindo que não existem infetados no território, situação aliás não comprovada, até porque não existe nenhuma comunicação por parte das autoridades timorenses no que diz respeito à propagação do COVID-19, ou medidas preventivas a ser implementadas.

A postura do embaixador, segundo o relato de uma das nossas colegas, cooperante neste projeto, foi de uma total irresponsabilidade, pois além de ignorar esta já declarada pandemia, ignora a frágil estrutura de saúde existente neste país, a ausência de recursos humanos e materiais, nomeadamente a falta de médicos de hospitais de meios de evacuação, etc.

Alguma hostilidade começa também a surgir, apesar de não ser generalizada, os docentes portugueses, sentem-se inseguros, tendo havido já relatos de alguns insultos e até uma tentativa de agressão.

O Sindicato de Professores no Estrangeiro (SPE) tem acompanhado mais de perto esta situação, em contacto direto com a Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas que tem manifestado preocupação e empenho na tentativa de encontrar uma solução.

Apesar desta legítima e genuína preocupação, os professores em Timor sentem-se abandonados e revoltados, porque além de umas vagas declarações recentemente da parte do Ministro do Negócios Estrangeiros, não se conhecem desenvolvimentos e ações concretas no sentido de resolver esta situação que passa pela evacuação destes docentes para Portugal para estarem em segurança, junto das suas famílias.

O tempo urge, e a prioridade agora são as pessoas.

José Feliciano Costa