Artigo:Produtos biológicos nas escolas portuguesas

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Produtos biológicos nas escolas portuguesas

No Expresso, bem como em quase todos os media de grande difusão, alardea-se em torno dos novos compromissos do atual governo para o futuro da agricultura biológica em Portugal, com a introdução de metas ambiciosas a longo prazo, como seja a da duplicação da área agrícola nacional neste modo de produção. 

Diz-se no Expresso: 

"Governo vai integrar a distribuição de produtos biológicos no novo regime de frutas e leite escolar e incluir estes alimentos nas ementas dos refeitórios públicos, segundo a Estratégia Nacional que será apresentada esta quarta-feira.

Estas são algumas das medidas da Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica (ENAB) a que a Lusa teve acesso,(...)"

A realidade quotidiana da alimentação na cantinas das escolas que me é dada a conhecer é, no mínimo, perturbante, com queixas frequentes por parte dos alunos no que toca à quantidade e qualidade, queixas que, por serem feitas por crianças, são muitas vezes difíceis de classificar quanto à sua razoabilidade (se decorrentes de uma gestão cínica e dolosa por parte das empresas, se fruto das naturais dificuldades no consumo de alimentos como o peixe ou os legumes.). 

Os nutricionistas a soldo das câmaras municipais, dizem, maior parte das vezes, que está tudo bem.

Múltiplos testemunhos de professores, alunos e funcionários apontam para a prática de uma gestão manhosa, a qual se caracteriza por dar uma no cravo e outra na ferradura, ou seja, alternando dias com qualidade duvidosa, com outros menos maus, tornando difícil uma apreciação definitiva. 

O que não compreendo, mea culpa faço, é o porquê de tanta passividade relativamente a um assunto tão grave e basilar, como é o da alimentação das crianças, da parte de toda a comunidade educativa, começando pelos encarregados de educação, de que postamos aqui uma honorável exceção, a dos encarregados de educação da Ecola Básica Luís de Camões, em Lisboa, que, com a ajuda do Bloco de Esquerda, estão a encetar uma importante luta contra os selváticos empresários das cantinas, cujos filhos, de certeza, não se alimentam nestas cantinas.

Mas uma coisa é certa: as refeições dos nossos filhos, netos, não deviam ser uma fonte de lucro, e não deviam estar, portanto, sob a gestão de grupos privados, muito dados, entre outros vícios comprovados, à cartelização.

Esse é o território dos Trumps deste mundo, que nós, europeus, temos de rejeitar em toda a linha, tornando este mundo um outro possível. 

Sejam benvindos os produtos biológicos, e tudo o resto que corrija a atual situação de escandalosa exploração da saúde e futuro das crianças, de que a direita deste país, durante quatro anos, nada quis saber, acentuando ainda mais o peso deste outsourcing predatório e inútil no sistema educativo. 

João Correia