Artigo:Polícia interrompe Peça no D. Maria II

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Polícia interrompe Peça no D. Maria II

Quem da minha geração lesse, antes de Abril de 1974, um título como este (Público, 14 de setembro 2020, pg.29) logo adivinharia que uns esbirros da PIDE salazarista ou da DGS marcelista (S de segurança, não de saúde…) tinham interrompido o espetáculo considerando-o contrário aos interesses da Nação, da boa Moral ou da Santra Madre Igreja Católica ou por não ter respeitado os “cortes” impostos pele Censura, também chamada de “Exame Prévio”.
Claro que agora não foi nada disso. “Cinco minutos antes das  4h. da manhã (…) dois polícias entraram na sala Garrett, congelando   o recomeço da récita durante cerca de 30 minutos” Os agentes queriam ter a certeza de que as regras de distanciamento social estavam a ser cumpridas (…)” (Nota: tratava-se da longuíssima peça “ A Vida vai engolir-nos” que se prolongaria até às 6h. da manhã) Como tudo estava a ser cumprido, os polícias certamente saudaram os atores e os espectadores presentes e …foram à sua vida.
No mesmo jornal, na pg. 19, pode ler-se: Covid-19:” Santuário de Fátima atinge lotação máxima e bloqueia entrada a mais peregrinos”.  Diz a notícia que, na peregrinação do dia 13 de setembro, os responsáveis  pelo santuário, tendo calculado que já estava ocupada 1/3 da lotação do recinto, se viram obrigados, com o apoio da GNR, a não permitir a entrada de mais peregrinos, de modo a serem respeitadas as indicações da DGS. Fizeram muito bem. Mas não deve passar em claro que o cálculo dos presentes foi feito a “olhómetro” (“Nós não temos um número exato de pessoas”, disse a responsável pela comunicação do santuário), ao contrário do que foi imposto à Festa do Avante (cerca de 16.000). De resto, o número de entradas para a Festa do Avante não foi limitado a 1/3 do recinto, mas sim a 1/6. Discriminação difícil de legitimar…
Mas convenhamos: a Festa do Avante, a referida peça de teatro e a peregrinação de setembro a Fátima mostram que, respeitando com rigor as medidas de segurança sanitária ditadas pela DGS, é possível voltar a uma relativa normalidade no mundo dos espetáculos. Assim seja.

Nota: entre o dia de hoje e a próxima 6ª feira serão retomadas na esmagadora maioria das escolas públicas as aulas presenciais. Um risco necessário para a saúde mental das crianças e dos adolescentes e também para a saúde da economia. Uma saudação muito especial para os docentes: nada, nem mesmo o ensino a distância, substitui o professor e o educador de infância. Por isso mesmo, devemos ser exigentes na segurança em que vamos trabalhar nas nossas escolas.

António Avelãs