Artigo:Pessoas e oportunidades num mundo de 7 mil milhões

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Foi este o título escolhido para o Relatório das Nações Unidas sobre a Situação da População Mundial 2011, divulgado na Assembleia da República e em simultâneo em todo o mundo, no passado dia 26 de outubro.

Este relatório é marcado por vitórias, revezes e paradoxos.

Muito caminho foi feito, mas as dificuldades que surgem e os constrangimentos do mundo atual colocam a todos e todas a questão: o que fazer para ter um mundo melhor?

Nunca como hoje a população foi tão jovem, mas as sociedades também nunca como agora tiveram tantas pessoas idosas. As mulheres atualmente têm em média menos filhos – passou-se de 6 para 2.5 – mas o crescimento populacional continua a ser uma realidade. Há 13 anos, em 1999, o planeta tinha menos mil milhões do que hoje. As projeções para 31 de outubro de 2011 apontam para que a população mundial alcance os 7 mil milhões.

A média de esperança de vida aumentou de 48 para 68 anos entre 1950 e 2010 e a mortalidade infantil decresceu de 133 para 46 em 1000 nascimentos no mesmo período, o que é um número francamente positivo.

Nalguns países mais pobres, as elevadas taxas de fecundidade perpetuam a pobreza e resultam da ausência de políticas na área dos serviços de saúde reprodutiva, nomeadamente no planeamento familiar informado e voluntário. Por outro lado, em países mais ricos as taxas de fecundidade são baixas e os níveis de empregabilidade são baixos, com consequências no desenvolvimento económico e na sustentabilidade dos sistemas de proteção social das populações. Neste relatório é posto o enfoque quer no elevado número de jovens desempregados embora em idade de serem economicamente ativos, quer nas mulheres que, por políticas discriminatórias e pela não assunção de políticas de igualdade, continuam a receber salários baixos, desiguais e a exercer atividades informais não valorizadas socialmente, apesar da sua enorme importância para a economia e sustentabilidade das famílias.

O relatório foca igualmente o paradoxo que se prende com a necessidade de populações procurarem trabalho em países industrializados onde há falta de mão de obra levando-as a migrar e os obstáculos que se levantam com fronteiras cada vez mais fechadas nesses mesmos países.

Este relatório sobre os 7 biliões que nós somos está repleto de números que são importantes porque fazem um retrato preciso para perspetivar os desafios que se colocam aos governantes, aos decisores políticos, às organizações da sociedade civil, aos homens e às mulheres comuns. Mas para além dos números, o relatório “vive” das histórias pessoais, ou seja do trabalho de campo que foi feito junto a populações e comunidades de 9 países: China, Egito, Etiópia, Finlândia, Índia, México, Moçambique, Nigéria e Macedónia. Interessante um texto intitulado “Ouvir as mulheres” que é um testemunho e releva a importância que as vozes, as opiniões e a sabedoria das mulheres podem trazer para a tomada de decisões numa aldeia na Índia. Aliás, este relatório realça a necessidade de dar atenção aos/às jovens, aos/às adolescentes e às vozes dos países do Sul.

Dos 7 biliões que somos, mil milhões vivem nos países ricos e os restantes 6 mil milhões vivem nos países pobres.  

A atual crise das dívidas soberanas e o descalabro de políticas financeiras comandadas pelo lucro que têm relegado as pessoas para um lugar subalterno, são sérias ameaças a um caminho de desenvolvimento das sociedades humanas. Compete aos cidadãos e cidadãs exigir que a democracia, a igualdade e o progresso funcionem, barrando assim o caminho a medidas contrárias ao desenvolvimento harmonioso de mulheres, homens, jovens e crianças qualquer que seja a região do planeta que habitem. Acabar com o subdesenvolvimento exige políticas de igualdade, de solidariedade, de empoderamento das pessoas e essa é uma tarefa que também é nossa.

A sustentabilidade e o futuro da humanidade dependem das escolhas que fizermos agora.

Para consulta do relatório, consultar www.unfpa.org.br

CIMH/SPGL