Pela primeira vez, há mais autocracias do que democracias no mundo
Hoje trago aqui a notícia da página 22 do “Público” de dia 13 de Abril, encimada com este título. Todos sabemos da vaga de líderes e partidos ultraconservadores que nos últimos tempos vêm chegando ao poder em todo o mundo e a recente notícia de reforço absoluto de poderes na pessoa de Viktor Orbán na Hungria, aproveitando-se da situação de emergência, são sinais de alerta muito preocupantes.
A notícia do “Público” baseia-se no relatório anual do Instituto Variedade da Democracia da Universidade de Gotemburgo no qual foram analisados 201 países. Tendo em conta a vivência de direitos, liberdades e garantias dos seus cidadãos, verificou-se em maior ou menor escala que os mesmos não eram garantidos em 92 países a viver em regimes autoritários. Por outro lado, a qualidade da democracia tem vindo a piorar em países onde se vêm acentuando as tendências de perda da liberdade, ao nível da liberdade de expressão, ataque à informação, censura da comunicação social, repressão da sociedade civil e criminalização dos movimentos sociais como acontece no Brasil, na Índia, nos Estados Unidos da América ou na Turquia. Estas restrições alargam-se em muitos países da Europa Oriental – Hungria, Polónia e Sérvia – da Ásia Central, do Médio Oriente e Norte de África.
A regressão nos direitos conquistados remete países da América Latina para níveis de democracia de 1992, ou para meados dos anos 80 quando se olha para muitos dos países da Ásia, do Pacífico e do Norte de África.
Vivendo a humanidade neste momento de pandemia global em estado de confinamento, de emergência ou mesmo de calamidade, sabendo que os motivos de ordem sanitária já estão a trazer enormes fragilidades e a acentuar desigualdades sociais, e que trarão consequências devastadoras a nível económico e social, temos motivos para nos preocupar com este caldo autoritário e regressivo que é um verdadeiro perigo para a democracia a nível global. Quando o que se impunha era a solidariedade, os sinais dados pela União Europeia para responder à pandemia não nos dão qualquer sinal de esperança.
Almerinda Bento