Artigo:PASSOS COELHO: INSENSIBILIDADE, ESTUPIDEZ OU PROVOCAÇÃO?

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Num tom solene, o primeiro-ministro – que obviamente nunca saberá o que é estar desempregado e sem meios para uma mera sobrevivência – considerou que quem está desempregado é porque “falhou” e que deve aproveitar o seu fracasso para se lançar numa nova vida. Estar desempregado, sustenta Passos Coelho, é uma oportunidade a aproveitar, nomeadamente para se tornar empreendedor e criativo.

Em nome dos muitos desempregados - boa parte de longa duração e sem qualquer perspetiva possível para o seu futuro – digo-lhe que considero o seu discurso um escarro. Uma agressão inútil a quem já foi sobejamente agredido. Um apoio asqueroso a que o patronato despeça e se sinta moralmente justificado pela oportunidade de “nova vida” que dá a quem despede.

Um desempregado, por regra, não tem nenhuma oportunidade de “mudar de vida”. Luta pela sobrevivência – em nome da qual aceitará o trabalho que lhe aparecer - se aparecer. Luta por manter a dignidade possível.

Passos Coelho, se deixar de ser primeiro-ministro, não ficará desempregado. Mais um motivo para correr com ele. Precisamos de quem governe, dispensamos quem nos insulte.