Artigo:Parabéns SPGL!

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Parabéns SPGL!

Parabéns SPGL! 49 anos é uma bela idade. Não é para todos e é bem motivo para festejar.

Hoje não precisei ir procurar uma notícia no “Público”, para escrever esta Notícia do Dia. Os 49 anos do meu sindicato, o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, eram motivo suficiente para os celebrar aqui.

Há 49 anos, no dia 2 de Maio de 1974 nascia o SPGL, que é hoje o maior sindicato de professores da FENPROF e um dos mais importantes sindicatos do país. É extraordinário que um sindicato surja cinco dias depois da revolução do 25 de Abril, mas isso só foi possível porque havia um trabalho prévio, nascido dos Grupos de Estudo do Pessoal Docente do Ensino Secundário e Preparatório de Lisboa que se reunia e desde 1969 sentia a necessidade de se criar um sindicato de professores. É fundamental não esquecer esse processo de reflexão e de organização ainda no tempo da ditadura, que levou à criação do nosso sindicato. A 28 de Abril de 1974 os Grupos de Estudo “publicam um primeiro comunicado saudando a revolução, disponibilizando-se para intervir no apoio à promoção de uma democratização da educação e reafirmando as reivindicações dos professores portugueses”(1). A partir de uma convocatória da classe para uma Reunião Geral de Professores para a noite do dia 2 de Maio para a Escola Preparatória Manuel da Maia, a verdade é que as previstas duas centenas de professores que caberiam no ginásio da escola excederam largamente esse número e em vez disso surgiram milhares de professores que acabaram por encher o Pavilhão dos Desportos, desejosos de mudar o estado das coisas nas escolas e no ministério. Era o tempo do “stencil que alguém policopiaria para, horas depois, seguir para as escolas e para a comunicação social” (2) como nos conta Helena Pato em “Já uma Estrela se Levanta”, uma das obreiras iniciais do nosso sindicato. Era o começo de um grande movimento da classe docente. Era preciso afastar os directores das escolas, recusar a recondução de Veiga Simão no governo provisório, discutir os problemas que se viviam nas escolas e encontrar soluções, organizar os professores nas escolas, eleger delegados sindicais, enfim, erguer um sindicato dos escombros duma ditadura de quase cinquenta anos.

É essa memória de gente determinada em agarrar os problemas que afectavam as escolas e o professorado que hoje precisamos de recordar e homenagear. Têm sido 49 anos de lutas exemplares, muito difíceis, que hoje precisamos de ter bem presentes. Democracia, participação, debate, entusiasmo, solidariedade, construção. Foi com estes elementos que o sindicato se construiu. Com avanços, com revezes, com resistência, com mobilização. A luta pela gestão democrática, pelo Estatuto da Carreira Docente, pela liberdade sindical… Lutas duras, demoradas. Como as que hoje temos: contra a municipalização, pela gestão democrática, pela revisão do regime de concursos, pela reposição do tempo roubado, pelo fim das quotas e dos bloqueios na progressão na carreira, pela defesa da Escola Pública.

Em 2023, quando os ataques ao sindicalismo são de vária ordem e desferidos por diferentes protagonistas, há que avivar a memória sobre a nossa história e prestar homenagem aos e às que trabalharam em condições tão difíceis, tornando possível a criação de um sindicato tão relevante como o SPGL.

Viva o SPGL. Viva a Escola Pública.

Almerinda Bento

 

  • (1) – Publicação do Departamento de Professores Aposentados do SPN – “Dos Grupos de Estudo à fundação da Federação Nacional dos Professores”
  • (2) – Publicação do SPGL – “Já uma Estrela se Levanta” – Os professores na revolução, Helena Pato